Está farto daquele problema? Desafie a Câmara do Porto a resolvê-lo

A Câmara do Porto associou-se à EDP, à NOS, ao CEIIA e à Ernst & Young num projecto inovador que pretende envolver a população e apoiar empresas tecnológicas

Foto
Intervenção na zona da Sé é considerada a mais importante pela SRU Fernando Veludo/nfactos

“No nosso trabalho, muitas vezes acabamos por apresentar propostas que nos são apresentadas por empresas e que acolhemos, por as considerarmos úteis, mas a verdade é que não sabemos se é isso que a cidade quer e esta é uma forma de envolver a cidade e ouvi-la sobre o que verdadeiramente a incomoda”, diz Filipe Araújo ao PÚBLICO. O “Desafios Porto” vai ser desenvolvido em dois momentos e o primeiro é dirigido ao público em geral.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“No nosso trabalho, muitas vezes acabamos por apresentar propostas que nos são apresentadas por empresas e que acolhemos, por as considerarmos úteis, mas a verdade é que não sabemos se é isso que a cidade quer e esta é uma forma de envolver a cidade e ouvi-la sobre o que verdadeiramente a incomoda”, diz Filipe Araújo ao PÚBLICO. O “Desafios Porto” vai ser desenvolvido em dois momentos e o primeiro é dirigido ao público em geral.

As pessoas são convidadas a apresentar um problema urbano que as incomode e que querem ver resolvido. As quatro grandes áreas consideradas são Saúde e Bem-Estar; Energia; Cidade Digital; e Mobilidade e Ambiente. O objectivo é encontrar soluções tecnológicas para o problema apresentado, mas, apesar de esta ser uma condição essencial do projecto, não deve inibir as pessoas de apresentarem qualquer tipo de problema global. “Muitas vezes as pessoas não sabem que pode ser encontrada uma solução tecnológica para um problema que têm à porta”, argumenta o vereador.

Os desafios podem ser apresentados à câmara até ao dia 1 de Agosto, através do preenchimento de um formulário disponibilizado na página da internet da iniciativa, e depois começará a segunda fase. Porque a câmara não quer que os cidadãos apresentem resultados ou ideias, apenas problemas. As soluções serão tratadas nesta nova fase.

A 1 de Setembro o município espera ter seleccionados quatro desafios em cada uma das quatro áreas temáticas e, a partir dessa data e até 15 de Outubro, é a vez das start-ups e empresas tecnológicas se debruçarem sobre os problemas seleccionados, propondo soluções. E esta, explica Filipe Araújo, é outra vertente essencial do projecto. “Temos um sistema de empreendedorismo na cidade muito vibrante e um dos nossos objectivos é pôr a cidade a perceber como que estas empresas podem intervir na resolução de problemas reais. Ao mesmo tempo queremos ajudá-las, desafiando-as a criar soluções que possam resolver um problema do Porto e, eventualmente, ser replicadas noutros locais, criando potencial económico para a empresa”, diz.

Paulo Calçada, o responsável dentro do pelouro pela área da Inovação, reforça que, muitas vezes, as pessoas “não sentem a ligação” entre o seu dia-a-dia e termos como “smart cities” ou “tecnologia”. “Achamos que esta iniciativa irá contribuir muito para os cidadãos perceberem que elas se traduzem em coisas reais”, diz.

A cumprir-se o calendário, a 16 de Novembro serão anunciados os quatro desafios vencedores (um por cada área, entre os quatro por área previamente seleccionados) e as respectivas soluções. A escolha será feita por um júri que integrará pessoal da autarquia, especialistas independentes do meio académico, representantes das empresas parceiras do projecto – a EDP, a NOS, a CEIIA e a Ernst & Young – e, acrescenta Filipe Araújo, o próprio autor do desafio.

Cada solução/área de intervenção irá ser financiada até 50 mil euros, assumidos pela câmara, EDP, NOS e CEIIA – Centro de Experiência e Inovação para a Indústria Automóvel, além de um apoio de consultoria até aos 12.500 euros por projecto, cedidos pela Ernst & Young. Filipe Araújo diz que o projecto está montado para que apenas sejam seleccionadas quatro soluções, uma por área de intervenção, mas não põe de parte que o leque possa ser alargado. “Se o custo da solução for de cinco mil euros, por exemplo, não excluímos a hipótese de apoiar mais do que uma por área, mas, neste momento, o que está estruturado é apenas a selecção de quatro projectos”, diz.

As regras do jogo estabelecem que podem concorrer todas as empresas formalmente constituídas e “focadas” numa das quatro áreas de intervenção, nacionais ou estrangeiras, mas a autarquia avisa que “será dada prioridade a empresas ou consórcios sediados na região”.

O desafio está na rua e o primeiro passo é mesmo seu. Pegue naquele problema que o irrita há décadas ou desde ontem e que gostaria de ver desaparecer do Porto e desafie a câmara a encontrar uma solução. Ou, melhor, a encontrar uma empresa que encontre uma solução. O formulário e tudo o mais que queira saber está à distância de um clique.