O Scott Walker da classe média
De onde vem Daniel Knox? Não fazemos ideia. Mas basta este disco para não mais o esquecermos.
Isto pode ser uma novidade para vós, mas nem tudo o que se encontra na internet é verdadeiro: num site – digamos – menos legal, onde é permitido ao utilizador descarregar o mais recente e homónimo álbum de Daniel Knox, há em baixo uma caixa que diz
Related Albums. E o que encontramos lá? Os Simply Red. Ora, é certo que
Daniel Knox(o disco) tem baladas, parte muitas vezes do piano e em certos temas há um vozeirão que se impõe; de resto os artistas não podiam estar mais apartados mesmo que se chamassem Sporting e Benfica e tivessem acabado de contratar o treinador adversário.
Daniel Knoxé um sumptuoso exercício de
crooner– canções que ouvimos sentados num balcão enquanto esquecemos um divórcio, uma insolvência, a descoberta de que afinal o nosso pai era o mecânico da porta ao lado, tentamos esquecer isto mediante a ingestão de quantidades tóxicas de álcool. Há vantagens em ouvir Knox em vez de cometer os actos atrás descritos: antes de mais, as hipóteses de acordarmos no México sem um rim, ou de no dia seguinte termos Tatiana Vanessa tatuado na anca, diminuem; depois há um certo prazer que se retira de escutar esta imensa tristeza etérea. Há cordas por todo o lado, flautas ocasionalmente, uma tuba em dueto com um xilofone,
slide-guitarsde ar janado, mas por norma é do piano que aquele vozeirão – que nunca se põe em bicos de pés – parte para partir corações. Quem é
Daniel Knox? Um homem de
smokinge laço, mas o
smokingestá roto e o laço borrado com
baton. Podia ganhar a vida a cantar em casamentos, mas deve fazê-lo em divórcios e funerais. É um mistério: sabemos que fez coros em canções de Jarvis Cocker mas pouco mais: a sua editora impediu o
All Music Guidede publicar qualquer informação sobre este disco e o homem parece preferir continuar na sombra – até porque sol não é com ele (
na sua conta no Instagramele bota fotos suas nos locais mais decrépitos). Lento, hiper-melódico, gloriosamente arranjado, repleto de clássicos instantâneos e de um bom gosto imaculado:
Daniel Knox(disco e personagem) é uma das grandes surpresas do ano.
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Isto pode ser uma novidade para vós, mas nem tudo o que se encontra na internet é verdadeiro: num site – digamos – menos legal, onde é permitido ao utilizador descarregar o mais recente e homónimo álbum de Daniel Knox, há em baixo uma caixa que diz
Related Albums. E o que encontramos lá? Os Simply Red. Ora, é certo que
Daniel Knox(o disco) tem baladas, parte muitas vezes do piano e em certos temas há um vozeirão que se impõe; de resto os artistas não podiam estar mais apartados mesmo que se chamassem Sporting e Benfica e tivessem acabado de contratar o treinador adversário.
Daniel Knoxé um sumptuoso exercício de
crooner– canções que ouvimos sentados num balcão enquanto esquecemos um divórcio, uma insolvência, a descoberta de que afinal o nosso pai era o mecânico da porta ao lado, tentamos esquecer isto mediante a ingestão de quantidades tóxicas de álcool. Há vantagens em ouvir Knox em vez de cometer os actos atrás descritos: antes de mais, as hipóteses de acordarmos no México sem um rim, ou de no dia seguinte termos Tatiana Vanessa tatuado na anca, diminuem; depois há um certo prazer que se retira de escutar esta imensa tristeza etérea. Há cordas por todo o lado, flautas ocasionalmente, uma tuba em dueto com um xilofone,
slide-guitarsde ar janado, mas por norma é do piano que aquele vozeirão – que nunca se põe em bicos de pés – parte para partir corações. Quem é
Daniel Knox? Um homem de
smokinge laço, mas o
smokingestá roto e o laço borrado com
baton. Podia ganhar a vida a cantar em casamentos, mas deve fazê-lo em divórcios e funerais. É um mistério: sabemos que fez coros em canções de Jarvis Cocker mas pouco mais: a sua editora impediu o
All Music Guidede publicar qualquer informação sobre este disco e o homem parece preferir continuar na sombra – até porque sol não é com ele (
na sua conta no Instagramele bota fotos suas nos locais mais decrépitos). Lento, hiper-melódico, gloriosamente arranjado, repleto de clássicos instantâneos e de um bom gosto imaculado:
Daniel Knox(disco e personagem) é uma das grandes surpresas do ano.