Um museu de videojogos em Portugal

Se já existem museus de videojogos bem sucedidos no resto da Europa, porque não um em Portugal?

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Robyn Lee/Flickr

Há relativamente pouco tempo surgiu numa rede de "crowdfunding" um projecto para um museu de videojogos em Portugal, e claro, fiquei contente por ver que alguém se estava a mexer nesse sentido. Se já existem museus de videojogos bem sucedidos no resto da Europa, como o Vigamus italiano, o Computer Spiele Museum na Alemanha, o National Videogame Arcade em Nottingham e o Musée du Jeu Vidéo em França, por que não um em Portugal?

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Há relativamente pouco tempo surgiu numa rede de "crowdfunding" um projecto para um museu de videojogos em Portugal, e claro, fiquei contente por ver que alguém se estava a mexer nesse sentido. Se já existem museus de videojogos bem sucedidos no resto da Europa, como o Vigamus italiano, o Computer Spiele Museum na Alemanha, o National Videogame Arcade em Nottingham e o Musée du Jeu Vidéo em França, por que não um em Portugal?

O líder do projecto é um bem-conhecido da comunidade: o Mário Tavares. A pessoa que tem organizado várias exposições de "retrogaming" nos últimos meses em grandes eventos, como a Lisboa Games Week, o Festival IN, e nas Lan Parties da Globaldata. Quando encontram um grande espaço cheio de computadores e consolas antigas, normalmente é dele. Por outras palavras, já provou ter um genuíno interesse nesta área. Um museu de videojogos é só o desenrolar natural das suas ambições. Infelizmente, o projecto não está a ter o apoio desejado. Enquanto escrevo este texto, só 3 por cento do total do dinheiro necessário foi angariado. O valor mínimo de contribuição são dois euros. Dois euros. E, no entanto, o projecto não parece ter o apoio que se esperava.

"Crowdfunding" é só para alguns

Este não será certamente o primeiro projecto português a ter dificuldades no "crowdfunding". Free That Fish da RTW conseguiu só 48 por cento; Godz da Yucca Studios cancelou a sua campanha antes do final, assim como Hush da GS78. Seja lá qual for a "magia negra" que abre as portas ao sucesso dum projecto de "crowdfunding" para videojogos, nós (portugueses) ainda não a descobrimos.

Há umas semanas a Bgamer fez um pequeno inquérito sobre como o público português encara os projectos em "crowdfunding". Cerca de 75 por cento dos inquiridos responderam que não apoiam, e até olham com desconfiança para estes projectos. Talvez isso explique a razão pela qual as campanhas falham. Simplesmente, parece que não há massa suficiente para apoiar estes projectos nacionais (pelo menos na área dos videojogos).

E sim, sei que é importante ter uma personalidade conhecida à frente do projecto, ou um plano de negócios estruturado dignamente, e claro, uma campanha de "marketing" adequada. Mas, não era suposto o "crowdfunding" existir para pessoas comuns, que não conseguem encontrar financiamento nos canais normais? Que mal conseguem ter dinheiro para criar o projecto, quanto mais para uma campanha de "marketing"? E que, apesar de tudo, são tão apaixonados pela sua ambição que sabemos que vão fazer de tudo para tornar a sua proposta numa realidade?

É só uma questão de dinheiro?

Quanto ao Museu de Videojogos, segundo Tavares, o projecto vai para a frente. Pelo menos, já serviu de cartão de visita às suas ambições e, certamente, este é só o primeiro passo. Uma pequena comparação, o museu de videojogos de Berlim — o mais visitado da Europa — precisou de 11 anos até se estabelecer definitivamente na capital alemã. Tudo começa por algum lado.

Já agora, mera curiosidade, Tavares disse-me que, até agora, os maiores contributos foram dum apoiante brasileiro e de outro britânico. E mesmo aqueles que não podem contribuir com dinheiro têm disponibilizado ajuda técnica ou têm feito ofertas de material para o futuro museu. Por vezes, basta uma simples partilha numa rede social para ganharem o seu profundo agradecimento.

Da minha parte, desejo-lhe toda a sorte do mundo, e que consiga um dia abrir o desejado Museu. Portugal agradece.