Um museu de videojogos em Portugal
Se já existem museus de videojogos bem sucedidos no resto da Europa, porque não um em Portugal?
Há relativamente pouco tempo surgiu numa rede de "crowdfunding" um projecto para um museu de videojogos em Portugal, e claro, fiquei contente por ver que alguém se estava a mexer nesse sentido. Se já existem museus de videojogos bem sucedidos no resto da Europa, como o Vigamus italiano, o Computer Spiele Museum na Alemanha, o National Videogame Arcade em Nottingham e o Musée du Jeu Vidéo em França, por que não um em Portugal?
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Há relativamente pouco tempo surgiu numa rede de "crowdfunding" um projecto para um museu de videojogos em Portugal, e claro, fiquei contente por ver que alguém se estava a mexer nesse sentido. Se já existem museus de videojogos bem sucedidos no resto da Europa, como o Vigamus italiano, o Computer Spiele Museum na Alemanha, o National Videogame Arcade em Nottingham e o Musée du Jeu Vidéo em França, por que não um em Portugal?
O líder do projecto é um bem-conhecido da comunidade: o Mário Tavares. A pessoa que tem organizado várias exposições de "retrogaming" nos últimos meses em grandes eventos, como a Lisboa Games Week, o Festival IN, e nas Lan Parties da Globaldata. Quando encontram um grande espaço cheio de computadores e consolas antigas, normalmente é dele. Por outras palavras, já provou ter um genuíno interesse nesta área. Um museu de videojogos é só o desenrolar natural das suas ambições. Infelizmente, o projecto não está a ter o apoio desejado. Enquanto escrevo este texto, só 3 por cento do total do dinheiro necessário foi angariado. O valor mínimo de contribuição são dois euros. Dois euros. E, no entanto, o projecto não parece ter o apoio que se esperava.
"Crowdfunding" é só para alguns
Este não será certamente o primeiro projecto português a ter dificuldades no "crowdfunding". Free That Fish da RTW conseguiu só 48 por cento; Godz da Yucca Studios cancelou a sua campanha antes do final, assim como Hush da GS78. Seja lá qual for a "magia negra" que abre as portas ao sucesso dum projecto de "crowdfunding" para videojogos, nós (portugueses) ainda não a descobrimos.
Há umas semanas a Bgamer fez um pequeno inquérito sobre como o público português encara os projectos em "crowdfunding". Cerca de 75 por cento dos inquiridos responderam que não apoiam, e até olham com desconfiança para estes projectos. Talvez isso explique a razão pela qual as campanhas falham. Simplesmente, parece que não há massa suficiente para apoiar estes projectos nacionais (pelo menos na área dos videojogos).
E sim, sei que é importante ter uma personalidade conhecida à frente do projecto, ou um plano de negócios estruturado dignamente, e claro, uma campanha de "marketing" adequada. Mas, não era suposto o "crowdfunding" existir para pessoas comuns, que não conseguem encontrar financiamento nos canais normais? Que mal conseguem ter dinheiro para criar o projecto, quanto mais para uma campanha de "marketing"? E que, apesar de tudo, são tão apaixonados pela sua ambição que sabemos que vão fazer de tudo para tornar a sua proposta numa realidade?
É só uma questão de dinheiro?
Quanto ao Museu de Videojogos, segundo Tavares, o projecto vai para a frente. Pelo menos, já serviu de cartão de visita às suas ambições e, certamente, este é só o primeiro passo. Uma pequena comparação, o museu de videojogos de Berlim — o mais visitado da Europa — precisou de 11 anos até se estabelecer definitivamente na capital alemã. Tudo começa por algum lado.
Já agora, mera curiosidade, Tavares disse-me que, até agora, os maiores contributos foram dum apoiante brasileiro e de outro britânico. E mesmo aqueles que não podem contribuir com dinheiro têm disponibilizado ajuda técnica ou têm feito ofertas de material para o futuro museu. Por vezes, basta uma simples partilha numa rede social para ganharem o seu profundo agradecimento.
Da minha parte, desejo-lhe toda a sorte do mundo, e que consiga um dia abrir o desejado Museu. Portugal agradece.