Estados Unidos já são o maior produtor mundial de petróleo

É a primeira vez desde 1975 que os EUA retomam o título de maior produtor, com a produção diária a aumentar em 1,6 milhões de barris em 2014.

Foto
Produção do petróleo de xisto representou investimentos de 106 mil milhões de euros em 2014 AFP PHOTO/Karen BLEIE

É a primeira que algum país consegue aumentar a produção em mais de um milhão de barris diários por três anos consecutivos, refere a análise da BP. “Se, para a China, 2014 foi o ano do cavalo, para os Estados Unidos foi o ano da águia americana [símbolo nacional do país], já que a produção de petróleo foi de crescimento em crescimento”, afirma o economista chefe da petrolífera, Spencer Dale, numa apresentação disponibilizada no site da BP.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

É a primeira que algum país consegue aumentar a produção em mais de um milhão de barris diários por três anos consecutivos, refere a análise da BP. “Se, para a China, 2014 foi o ano do cavalo, para os Estados Unidos foi o ano da águia americana [símbolo nacional do país], já que a produção de petróleo foi de crescimento em crescimento”, afirma o economista chefe da petrolífera, Spencer Dale, numa apresentação disponibilizada no site da BP.

Foi graças essencialmente ao aumento da produção norte-americana que a oferta mundial de petróleo cresceu para níveis recorde em 2014: 2,1 milhões de barris por dia. Uma vez que a produção de gás natural também subiu, os norte-americanos conseguiram igualmente bater os russos na produção combinada de hidrocarbonetos, algo que, segundo apontam os dados revistos do relatório de 2014, poderá ter acontecido já em 2013.

“As implicações da revolução do xisto nos Estados Unidos são profundas”, refere Dale, ex-economista chefe do Banco de Inglaterra. Não só se está a assistir a um “render da guarda” dos maiores fornecedores globais de energia, como os Estados Unidos deixaram de ser os maiores importadores mundiais de petróleo, cedendo essa posição à China (apesar da desaceleração da procura registada no mercado chinês).

Assim, além das importações norte-americanas de petróleo caírem para menos de metade dos níveis recorde de 2005, houve um ressurgimento da indústria transformadora no país graças aos menores custos energéticos: os Estados Unidos produziram cerca de 90% da energia que consumiram no ano passado.

Segundo a BP, o volume de investimentos no sector chegou a 120 mil milhões de dólares em 2014 (aproximadamente 106 mil milhões de euros, mais do dobro em cinco anos). Isto apesar de os preços internacionais do crude terem descido cerca de 40% no ano passado, uma evolução provocada em larga medida pela decisão da organização dos países produtores e exportadores de petróleo, OPEP, de manter os níveis de produção, mesmo num cenário de excesso de oferta.

Mas, apesar de considerar que a descida da cotação poderá levar a que alguns produtores encerrem a actividade em campos menos rentáveis, o presidente executivo da BP, Bob Dudley, entende que a maioria dos projectos é viável aos preços actuais e que “a revolução do xisto ainda não perdeu o gás” nos Estados Unidos. O número de plataformas activas nos campos de xisto norte-americanos caiu para metade dos valores máximos de Outubro e deverá estabilizar no final do Verão, disse Bob Dudley, citado pela Bloomberg, numa apresentação em Londres.

Ainda assim, apesar de se prever que a produção de petróleo continue a aumentar (além dos Estados Unidos, a BP destaca os crescimentos registados em países como o Canadá e o Brasil), ficam as dúvidas sobre como irá evoluir o consumo de energia em 2015.

O relatório da BP refere que 2014 ficou marcado por “um crescimento surpreendentemente fraco da procura”, apesar de a economia mundial ter crescido 3,3%. O crescimento do consumo cifrou-se em 0,9%, naquele que (retirando a crise financeira) foi o menor crescimento registado desde o final dos anos de 1990, um factor a que não é alheio a desaceleração chinesa (um aumento de 2,6%), nem tão pouco o mau desempenho europeu (a procura caiu 3,9%).

Em 2013, a procura global tinha aumentado 2%, com o crescimento médio dos últimos dez anos a situar-se nos 2,1%.