Os 19 cavaleiros e o regresso do Bushistão
Já há 19 candidatos republicanos à Casa Branca, mas especialistas acreditam que a corrida a sério será disputada pelo chamado "quarteto temível".
Num dos últimos programas, o apresentador e comediante Jon Stewart referiu-se ao crescente número de possíveis adversários do Partido Democrata em 2016 como “19 and counting”, numa referência a um reality show da televisão americana que retratava a vida de uma família conservadora e fundamentalista cristã que não acredita nas virtudes da contracepção, apropriadamente chamada “19 Kids and Counting”.
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Num dos últimos programas, o apresentador e comediante Jon Stewart referiu-se ao crescente número de possíveis adversários do Partido Democrata em 2016 como “19 and counting”, numa referência a um reality show da televisão americana que retratava a vida de uma família conservadora e fundamentalista cristã que não acredita nas virtudes da contracepção, apropriadamente chamada “19 Kids and Counting”.
Para além dos dez candidatos de relevo que já anunciaram a candidatura, há mais três com data marcada para o anúncio, outros tantos a “explorar activamente” essa hipótese, e mais três que só serão uma surpresa se não se candidatarem. Admitindo mais uma ou outra surpresa, Jon Stewart sabe fazer contas: “19 and counting.” E isto se falarmos apenas dos candidatos que são conhecidos pelo menos no seu estado; seguindo definições menos exigentes, chega-se facilmente às três dezenas.
Por ironia, ou por necessidade de alargar a sua base de apoio aos inúmeros subgrupos de eleitores norte-americanos, o Partido Republicano lançou um grupo de candidatos que rivaliza com o vídeo que serviu para lançar a campanha de Hillary Clinton: há nomes para cortejar latino-americanos (Marco Rubio e Ted Cruz), negros (Ben Carson), mulheres (Carly Fiorina) e a comunidade indiana (Piyush "Bobby" Jindal). Até o milionário Donald Trump, que culpa as vacinas pelo autismo e obrigou o Presidente Barack Obama a revelar a sua certidão de nascimento, poderá avançar no próximo dia 16.
O "Quarteto Temível"
É verdade que ainda é muito cedo para fazer previsões, mas o jornal Roll Call, que escrutina as manobras no Congresso dos EUA há seis décadas, já seleccionou o “Quarteto Temível”, de entre o qual deverá sair o candidato que vai lutar pela Casa Branca: Jeb Bush, Rand Paul, Scott Walker e Marco Rubio.
Comecemos pelo candidato que não se chama Bush, um nome que esteve no topo da Administração, nos cargos de Presidente ou vice-presidente em 20 dos últimos 34 anos. Rand Paul, o favorito dos libertários, atravessa um período de graça no seu nicho por ter liderado a batalha no Senado para impedir a renovação de uma polémica secção do Patriot Act, a lei aprovada por George W. Bush logo após os atentados de 11 de Setembro de 2001 e que dá amplos poderes de espionagem às agências norte-americanas. O problema é que limitar os poderes da CIA, da NSA ou do FBI é tudo menos consensual entre a maioria dos eleitores republicanos, que ainda por cima duvidam que Paul consiga apresentar-se como um líder forte em termos de política externa se tiver de enfrentar a antiga secretária de Estado Hillary Clinton.
“Rubio é um orador excelente, com uma poderosa perspectiva pessoal”, escreveu o analista político Stuart Rothenberg no seu blogue Rothenblog, em Março, numa referência ao seu percurso de vida: nasceu em Miami, na Florida, filho de imigrantes cubanos. O seu problema é que chegou ao Congresso como príncipe do movimento radical Tea Party, mas a sua defesa da revisão das leis de imigração atirou-o um pouco mais para o centro do partido, o habitat natural de Bush. Jeb Bush.
Scott Walker, eleito governador do Winsconsin em 2010, tornou-se conhecido no ano seguinte graças ao seu plano para eliminar boa parte dos direitos dos trabalhadores. A medida levou a que os democratas conseguissem reunir assinaturas para convocar eleições antecipadas em 2012. Walker ganhou-as, como viria a fazer novamente em 2014.
O antigo governador da Florida, irmão do 43.º Presidente, filho do 41.º e possível candidato a 44.º, ainda não oficializou a sua candidatura, mas já angariou mais fundos do que muitos dos restantes candidatos juntos. A sua rede de contactos e de apoios faz parte da herança familiar, mas Jeb é mais do que apenas mais um Bush. Num perfil publicado na revista Time, em Março, o antigo senador no estado da Florida Dan Gelbert, do Partido Democrata, dá a entender que uma eventual batalha entre Jeb Bush e Hillary Clinton será travada até à última gota: “O Jeb não é um populista. E não é um demagogo. Algumas das suas políticas foram muito impopulares, mas ele levou-as em frente. Não é um daqueles tipos que querem ou que precisem de ser amados. Ele sabia o que queria, lutava por isso de forma agressiva e raramente perdia.”