Juncker "desiludido" com o "amigo" Tsipras

Presidente da Comissão Europeia diz que o primeiro-ministro grego apresentou as propostas dos credores como um ultimato, mas "não foi assim". Enquanto isso, mantêm-se contactos entre Atenas, Berlim e Paris.

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Juncker disse que considera Tsipras um amigo, mas ficou "desiludido" com ele. John MacDougall/AFP

Juncker acusou Tsipras de ter “apresentado a oferta feita pelas três instituições como uma oferta de pegar ou largar” quando falou ao Parlamento grego na sexta-feira, disse. “Não foi assim. Não foi essa a mensagem que lhe foi passada”, garantiu, dizendo-se “um pouco desapontado”. Juncker disse ainda que enquanto considera Tsipras um amigo, “para as amizades se manterem há regras mínimas”.

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Juncker acusou Tsipras de ter “apresentado a oferta feita pelas três instituições como uma oferta de pegar ou largar” quando falou ao Parlamento grego na sexta-feira, disse. “Não foi assim. Não foi essa a mensagem que lhe foi passada”, garantiu, dizendo-se “um pouco desapontado”. Juncker disse ainda que enquanto considera Tsipras um amigo, “para as amizades se manterem há regras mínimas”.

O presidente da Comissão disse ainda que não tinha atendido um telefonema do líder grego no sábado porque “não tinha recebido a proposta alternativa” que tinha sido pedida a Atenas com urgência . “É preciso estudar em detalhe antes de se ter uma posição”, acrescentou.

Uma fonte do Governo grego mantém que Atenas ainda aguarda uma reacção dos credores a um plano que apresentou no início da semana. A troika tem insistido que é a sua oferta que está na base para as negociações. O que o presidente da Comissão Europeia tentou, ao pedir uma proposta alternativa a Tsipras, foi quebrar o impasse total em que as negociações se encontram.

No Parlamento, Tsipras apresentou a oferta dos credores como “irracional”, dizendo que não dá qualquer espaço para crescimento à economia grega.

Mas as negociações políticas parecem continuar, e ainda no sábado o primeiro-ministro grego teve uma teleconferência com a chanceler alemã e o Presidente francês. Os três vão ter um encontro em Bruxelas na quarta-feira à margem de uma cimeira.

Enquanto isso, multiplicam-se as vozes críticas da Grécia na Alemanha. O líder dos sociais-democratas no Parlamento Europeu, Martin Schulz, disse numa entrevista ao jornal Welt am Sonntag que o partido de Tsipras, o Syriza, tem uma responsabilidade perante o resto da União Europeia e não só os seus eleitores, avisando para “consequências enormes” se não houver um acordo.

Num debate na estação alemã ZDF, mostrando quão exasperado estava por Atenas não aceitar o acordo que lhe foi oferecido, o social-democrata Schulz chegou mesmo a dizer: “Os gregos, em particular Varoufakis, enervam-me”.

O ministro das Finanças, Yannis Varoufakis, reagiu dizendo que não era a primeira vez que um responsável europeu não estava à altura do seu cargo institucional. Numa entrevista à emissora alemã Deutsche Welle sobre as negociações, Varoufakis repetiu que os termos do empréstimo não são sustentáveis e que por isso este tem de ser renegociado, para o bem não só da Grécia mas de toda a Europa.

Já a oferta da Grécia, defendeu, inclui muitas concessões difíceis – “ultrapassámos várias linhas vermelhas, voltámos atrás em muitas promessas pré-eleitorais”.

Os gregos esperavam que durante o G7 os EUA, preocupados com os efeitos de uma saída da Grécia do euro na economia mundial e com um afastamento de Atenas da sua esfera em direcção à Rússia, pressionassem a Alemanha e França para mostrarem mais flexibilidade nas negociações com o país. Mas uma fonte disse à agência alemã DPA que do G7 iria produzir uma “frente unida” em relação à Grécia.

No seu encontro bilateral, Obama e Merkel concordaram na necessidade de reformas na Grécia e de o país regressar a um crescimento a longo prazo, fez saber a Casa Branca. Obama, disse ainda o porta-voz, espera que isto possa acontecer sem que haja volatilidade nos mercados financeiros.