Oposição da Venezuela apoia greve de fome de Leopoldo López e exige eleições
Familiares dos políticos presos e representantes da Mesa da Unidade Democrática juntaram-se em conferência de imprensa.
“Estamos num momento delicado, hoje unimo-nos por um país melhor, pela libertação dos políticos inocentes e porque queremos eleições livres e transparentes”, declarou Lilian Tintori, a mulher de López, esta quarta-feira, ladeada pelos dirigentes políticos dos partidos que compõem a MUD. Também ela é activista política e também ela defende as causas que estão por trás do anúncio do marido, feito através de um vídeo gravado na prisão, de iniciar uma greve de fome até o regime de Maduro responder às suas solicitações.
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“Estamos num momento delicado, hoje unimo-nos por um país melhor, pela libertação dos políticos inocentes e porque queremos eleições livres e transparentes”, declarou Lilian Tintori, a mulher de López, esta quarta-feira, ladeada pelos dirigentes políticos dos partidos que compõem a MUD. Também ela é activista política e também ela defende as causas que estão por trás do anúncio do marido, feito através de um vídeo gravado na prisão, de iniciar uma greve de fome até o regime de Maduro responder às suas solicitações.
López, Ceballos e Ledesma iniciaram a greve de fome há cerca de dez dias, exigindo, entre vários pedidos, a marcação definitiva da data das eleições parlamentares na Venezuela, supervisionadas por observadores internacionais, previstas para o final deste ano de 2015. A morte de 43 pessoas nos protestos de Fevereiro de 2014 e a crise política e social que se vive desde aí no país levantam suspeitas, entre os membros da MUD, de que o Presidente Maduro poderá suspender ou adiar as eleições.
A conferência de imprensa serviu também para anunciar um conjunto de protestos pacíficos, em nome dos apelos de López, como a libertação dos presos políticos e o fim da repressão. O movimento de oposição propôs várias actividades para os próximos sete dias, como, por exemplo, um encontro com meios de comunicação social estrangeiros ou mesmo vigílias em todas as igrejas da Venezuela. “Já demonstrámos que a nossa luta é pacífica”, disse Tintori, acrescentando que estão somente unidos para que se cumpra, “em fé e em paz”, o apelo de López. “Não queremos mais repressão, censura e tortura”, completou.
Os vários representantes dos partidos que compõem a MUD reforçaram o seu apoio conjunto, tanto à greve de fome dos três presos políticos, como às reivindicações que a sustentam. Freddy Guevara, coordenador político adjunto do Partido Vontade Popular, afirmou que “em momentos como este a unidade é fundamental”, pedindo a união de todos os “estudantes, empresários, sindicatos e do povo que estão a ser vítimas do Governo”.
Jesus Torrealba, secretário-geral da MUD, também acredita que “a melhor decisão” é aquela que todos os opositores “construam juntos”. Apelou ainda à presidente da Comissão Nacional de Eleições, Tibisay Lucena, que defina uma data para as eleições, uma vez que ela “tem a chave para acabar com a greve de fome”, lembrando que a “vida” de López e dos restantes grevistas depende da sua acção junto de Maduro.
Julio Borges, do Partido Justiça Primeiro, enalteceu o espírito de compromisso da MUD, afirmando que o movimento se apresentava aos venezuelanos como “uma só equipa, um só homem”, na defesa dos pedidos de López, Ceballos e Ledesma.
López já perdeu seis quilos
Nos últimos dez dias, Leopoldo López apenas ingeriu “água e soro”, diz a sua família, segundo agência Reuters. “Perdeu seis quilos e está magro”, confessa a sua mãe, Antonieta Mendoza. Ainda assim, admite estar “impressionada com a sua força e clareza de pensamento”.
Daniel Ceballos, antigo autarca de San Cristóbal, aparenta estar em piores condições físicas do que López, segundo informações dos seus apoiantes, tendo deixado de comer há cerca de 12 dias.
A greve de fome tinha sido anunciada por Leopoldo López, através de um vídeo gravado com o telemóvel, na prisão de Ramo Verde, pouco depois de as autoridades venezuelanas terem transferido Ceballos para uma outra prisão. Os meios de comunicação social venezuelanos afectos ao regime de Nicolás Maduro justificaram a decisão da transferência por “suspeitas de acto conspirativo”.
Texto editado por Joana Amado