Mulher que terá prendido o filho na cave foi detida
Avaliação psiquiátrica revelou que mulher não tem qualquer distúrbio psíquico, contrariando as suspeitas da polícia. GNR remeteu para o tribunal relatório sobre agressões a vizinho e crimes de sequestro e maus-tratos ao filho.
A detida, mãe do homem de 38 anos que terça-feira foi encontrado preso numa cave onde terá sido mantido durante vários anos, foi presente a um juiz pelas 14h desta quarta-feira. A GNR garante que remeteu ao tribunal um relatório sobre o sucedido estando em causa a agressão a um vizinho e os crimes de sequestro e maus-tratos ao filho. Fonte da PJ, porém, disse ao PÚBLICO que na origem da detenção está apenas o episódio de agressões a um vizinho esta terça-feira e não a situação relativa ao filho.
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A detida, mãe do homem de 38 anos que terça-feira foi encontrado preso numa cave onde terá sido mantido durante vários anos, foi presente a um juiz pelas 14h desta quarta-feira. A GNR garante que remeteu ao tribunal um relatório sobre o sucedido estando em causa a agressão a um vizinho e os crimes de sequestro e maus-tratos ao filho. Fonte da PJ, porém, disse ao PÚBLICO que na origem da detenção está apenas o episódio de agressões a um vizinho esta terça-feira e não a situação relativa ao filho.
A PJ garantia, aliás, que na noite de terça-feira não tinha sido aberto um processo-crime aos contornos do caso referente ao filho, uma vez que os indícios apontavam então mais para um caso de natureza social.
O homem que estaria preso há vários anos na cave da habitação encontrava-se referenciado pela Segurança Social como deficiente profundo, apesar de não estar a ser medicado. Aliás, segundo a PJ, toda a família estava sinalizada pela Segurança Social, que conhecia os problemas mentais e a situação de pobreza em que os elementos daquela família viviam. A Unidade Nacional de Contra Terrorismo da PJ, que tem a ser cargo os inquéritos por sequestro, está a investigar o caso.
A detenção ocorreu ainda durante a noite de terça-feira depois de a mulher, com cerca de 60 anos, ter sido sujeita a avaliação psiquiátrica no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa. O médico não diganosticou qualquer distúrbio psiquico ao contrário do que davam conta as primeiras suspeitas das autoridades, assegurou ao PÚBLICO fonte próxima do processo.
“A senhora foi a uma primeira consulta ao hospital e depois foi detida. Não temos conhecimento do diagnóstico quanto ao distúrbio psíquico. Foi aberto um processo-crime, pelo que tivemos de informar o tribunal e proceder à detenção”, explicou o tenente Filipe Costa, comandante do subdestacamento da GNR de Alcabideche.
A GNR descobriu a situação depois de ser chamada à Rua Nova da Ribeira, na Amoreira, Cascais, para acorrer a uma situação de agressões. Quando chegou, a mulher já teria agredido um vizinho. Aliás, a mulher já era conhecida das autoridades, tendo a GNR confirmado que recebeu várias queixas relativas a ameaças e agressões. Dentro da casa, as autoridades encontraram facas e catanas que, segundo relatos dos vizinhos, eram frequentemente usados para os ameaçar.
Poucos minutos depois de chegarem, os militares da GNR foram surpreendidos por gemidos vindos de uma cave da casa para onde se dirigiram acabando por encontrar lá preso o homem. Terá ficado lá fechado durante vários anos sendo que alguns vizinhos garantem que não o viam há pelo menos oito anos.
À polícia a mulher disse ter prendido o filho apenas para o proteger, já que este seria muito agressivo. De resto, pouco falou tendo até um discurso desconexo. Repetiu várias vezes a expressão “o meu menino”, referindo-se ao filho, adiantou fonte da PJ.
Mãe e filho são cabo-verdianos e estarão em Portugal há cerca de 20 anos. Juntamente com eles vivia o companheiro da sexagenária e pai dos seus filhos, também com cerca de 60 anos, e uma jovem de 26 anos, irmã do homem encontrado preso na cave — a polícia suspeita que, por vezes, também fosse mantida à força em casa. Serão todos desempregados e sobrevivem com as verbas que lhes são pagas a título de Rendimento Social de Inserção.