Estado Islâmico filma tortura de rapaz na Síria

BBC obteve a gravação de uma sessão de tortura pela mão de um desertor do grupo jihadista.

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As imagens são demasiado gráficas para ser exibidas na totalidade, DR

As imagens, que na descrição da BBC são demasiado gráficas para ser exibidas na totalidade, mostram o rapaz, de nome Ahmed, encapuçado, amarrado pelos pulsos, com os braços levantados e suspenso do chão, a ser violentamente espancado por dois militantes do grupo jihadista, todos vestidos de preto. Um dos homens tem uma faca e uma pistola na mão, o outro uma metralhadora AK-47.

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As imagens, que na descrição da BBC são demasiado gráficas para ser exibidas na totalidade, mostram o rapaz, de nome Ahmed, encapuçado, amarrado pelos pulsos, com os braços levantados e suspenso do chão, a ser violentamente espancado por dois militantes do grupo jihadista, todos vestidos de preto. Um dos homens tem uma faca e uma pistola na mão, o outro uma metralhadora AK-47.

Além das agressões, o jovem também foi sujeito a electrocussão, um” castigo” pelo seu envolvimento, ainda que inconsciente, numa conspiração contra os jihadistas. Ahmed, que distribuía pão, fora incumbido de entregar dois sacos num dos pontos de encontro do Estado Islâmico na cidade de Raqqa: cada saco continha uma bomba de fabrico artesanal.

De acordo com o militante arrependido, que participou na sessão de tortura e cuja identidade foi protegida pela BBC, o vídeo foi feito para posterior difusão nos canais ligados ao Estado Islâmico (que servem para distribuir propaganda e também para efeitos de recrutamento).

O rapaz foi torturado ao longo de dois dias e posteriormente condenado à morte pelos islamistas. Só escapou porque o indivíduo que foi encarregado da sua execução se comoveu e permitiu que fugisse. Mas outros rapazes e jovens não terão conseguido escapar: na mesma filmagem aparecem dois outros indivíduos, que aparentam ser um pouco mais velhos, que também foram torturados. O seu paradeiro permanece desconhecido.

A BBC entrevistou Ahmed na Turquia, onde está refugiado. O seu relato dos acontecimentos é terrível, e apesar de se encontrar em liberdade e sob protecção, diz que nunca estará a salvo. “Bateram-me, electrocutaram-me, fizeram de tudo para que eu confessasse e eu disse tudo o que sabia. Mas o pesadelo não acabou, nem nunca mais acaba. Nunca mais consegui dormir. Dão-me remédios, mas nem assim consigo esquecer”, lamentou.

Um outro rapaz, entrevistado pela emissora pública britânica, confessou ter-se alistado na Frente al-Nusra, uma organização jihadista nascida da Al-Qaeda e activa na Síria, com apenas 15 anos. Segundo garantiu Khaled, os jihadistas treinaram-no para o uso de armas e enviaram-no para a frente de combate. Mais tarde, o jovem passou para as fileiras do Estado Islâmico – onde diz ter encontrado combatentes com apenas 13 anos de idade.

“Entre os combatentes do Estado islâmico, os adultos são uma minoria. A maior parte do grupo que combateu comigo tinha 15 e 16 anos, mas muitos tinham 13 ou 14: esses eram os que tinham mais desejo de fazer a jihad”, disse. Para Khaled, o facto de serem menores de idade não os exime de responsabilidades: “Não estamos a falar de crianças. Quem anda carregado com uma espingarda, sete cartuchos, seis granadas, não é uma criança, é um homem. Aqueles que pegam em armas para combater em nome de Deus e defender a honra das mulheres muçulmanas são homens”, considerou.