Azeite já vale 350 milhões de euros em exportações
O panorama actual, com uma pujança que se tem vindo a confirmar nos últimos anos, foi começando a ser construído a partir dos finais da década de 1980, depois de uns vinte, trinta anos em que a produção regrediu para níveis preocupantes, a reflectir o impacto da entrada em cena, no mercado nacional, dos óleos vegetais, principalmente de girassol, que à data eram apresentados como mais amigos da saúde dos portugueses e apresentavam preços muito mais baixos do que os que eram praticados no azeite.
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O panorama actual, com uma pujança que se tem vindo a confirmar nos últimos anos, foi começando a ser construído a partir dos finais da década de 1980, depois de uns vinte, trinta anos em que a produção regrediu para níveis preocupantes, a reflectir o impacto da entrada em cena, no mercado nacional, dos óleos vegetais, principalmente de girassol, que à data eram apresentados como mais amigos da saúde dos portugueses e apresentavam preços muito mais baixos do que os que eram praticados no azeite.
O regresso ao olival acabou, no entanto, por se impor e os resultados dos investimentos realizados estão à vista. Nos últimos cinco anos, a produção anual de azeite aproximou-se de uma média de 70 mil toneladas, o dobro do que acontecia no final dos anos 1980. E as exportações do sector já tocam os 350 milhões de euros.
Esta autêntica revolução nos campos portugueses foi acompanhada por uma aposta também muito activa na qualidade dos produtos que visam o mercado interno e externo, com muitos produtores a investirem no apuro das castas e na diferenciação de sabores, o que os leva a conquistar o reconhecimento dos grandes concursos mundiais de azeite face a concorrentes fortes, principalmente de Espanha e Itália.
Os dados oficiais mais recentes apontam para a existência, em Portugal, de cerca de 350 mil hectares de terras com oliveiras em produção. Isto equivale a cerca de 8% da superfície agrícola total, calculada em cerca de 4,5 milhões de hectares.
O Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura estima que a mais recente campanha oleícola tenha fechado com uma produção de cerca de 62 mil toneladas, o que fica claramente abaixo das 90 mil toneladas da campanha anterior. Mas esta foi uma campanha perfeitamente excepecional, sem réplica nos últimos 50 anos. E a safra de 2014/2015 foi muito marcada por condições meteorológicas e fitossanitárias desfavoráveis, principalmente no olival de sequeiro que ocupa 80% da área total de oliveiras em Portugal.
Com a produção nacional a cobrir praticamente as necessidades internas (o grau de autossuficiência estará pouco abaixo dos 95%), nem por isso Portugal deixa de estar no comércio internacional do produto. Em 2013, entraram em Portugal cerca de 280 milhões de euros em azeite e as vendas ao estrangeiro subiram aos 350 milhões de euros. Muito do azeite importado sofre injecção de valor, o que se depreende do facto de o valor unitário das entradas ser de cerca de 2,5 euros por quilo e o de exportações andar perto dos 3,25 euros.
No quadro oleícola nacional, o Alentejo é a região mais dinâmica de Portugal, com 71% da produção nacional, a beneficiar dos fortíssimos investimentos de que foi alvo nos últimos anos. O Norte, em particular Trás-os-Montes, assume uma produção de 15% do total e a região Centro com quase 8%.
Os lagares que funcionam em Portugal, cerca de meio milhar, conseguiram na última campanha um rendimento médio de 14,7 quilos de azeite por cada 100 quilos de azeitona, o que representa um ligeiro acréscimo face à safra anterior.