As realizadoras do Mediterrâneo mostram o seu cinema em Lisboa

Segunda edição do festival Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino está no São Jorge de 5 a 7 de Junho. Trinta filmes e duas sessões especiais na Cinemateca.

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A velha aristocracia de Ramallah, o legado da Guerra dos Balcãs, o Departamento de Perdidos e Achados de Lisboa, as pressões sobre as mulheres que não casam jovens, o Natal em Belmonte, avós e netas, a educação em Israel e na Palestina, os migrantes no Mediterrâneo – são estas e mais as histórias da segunda edição do Olhares do Mediterrâneo, que se integra nas Festas de Lisboa e é programado por Patrícia André e Sara David Lopes numa organização do Grupo Olhares do Mediterrâneo e do Centro em Rede de Investigação em Antropologia.

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A velha aristocracia de Ramallah, o legado da Guerra dos Balcãs, o Departamento de Perdidos e Achados de Lisboa, as pressões sobre as mulheres que não casam jovens, o Natal em Belmonte, avós e netas, a educação em Israel e na Palestina, os migrantes no Mediterrâneo – são estas e mais as histórias da segunda edição do Olhares do Mediterrâneo, que se integra nas Festas de Lisboa e é programado por Patrícia André e Sara David Lopes numa organização do Grupo Olhares do Mediterrâneo e do Centro em Rede de Investigação em Antropologia.

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Tendo como embaixadora a ex-directora da Cinemateca Maria João Seixas, e estando representados 12 países, são portugueses os filmes Ana – Um Palíndromo, de Joana Toste, Bolor Negro, de Marta Pessoa, Coisa de Alguém, de Susanne Malorny, Dona Fúnfia, de Margarida Madeira, É Consideravelmente Admirável Da Tua Parte Que Ainda Penses Em Mim Como Se Aqui Estivesse, de André Mendes e Andreia Neves, Não São Favas, São Feijocas, de Tânia Dinis, OOBE, de Joana Maria Sousa e Manuel Carneiro, Os Prisioneiros, de Margarida Madeira, e Três Semanas em Dezembro, de Laura Gonçalves. Há ainda O Medo à Espreita, de Marta Pessoa, que se apresenta fora de competição, encerrando o festival.

De Espanha chegam Las Reglas del Juego, de Nerea Marcén, Flexibility, de Remedios Crespo, e Sinceridad, de Andrea Casaseca. França está representada com This Is My Land, de Tamara Erde, L'Enfant-Vague, de Malou Lévêque, Moth, de Sarah Munro, e She Walks, de Victoria Visco. A Tunísia traz Peau de Colle, de Kaouther Ben Hania, ... et Roméo épousa Juliette, de Hinde Boujemaa, e da Palestina chega Fustan Abyad (White Dress), de Omaima Hamouri. Villa Touma, de Suha Arraf, é um filme apátrida - assim foi apresentado de forma inédita em Cannes depois de uma agitada polémica em torno do desejo da realizadora de que o filme, uma história palestiniana com actores palestinianos, fosse considerado palestiniano apesar de ter sido financiado em grande parte por verbas israelitas.

Israel está no programa com os filmes Targishi Babaiet (Make Yourself at Home), de Heli Hardy, Ben Zaken, de Efrat Corem, e a Grécia conta com Washingtonia, de Konstantina Kotzamani e Γia Πanta (Forever), de Margarita Manda. For Those Who Can Tell No Tales, de Jasmila Žbanic (Bósnia e Herzegovina), Kumun Tadi (Seaburners), de Melisa Önel (Turquia), Simshar, de Rebecca Cremona (Malta), The Orchard Keepers, Bryony Dunne (Egipto), e Vertical Village, Liana Kassir e Renaud Pachot (Líbano) completam o programa.

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Sinceridad, de Andrea Casaseca
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This Is My Land, de Tamara Erde
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White Dress, de Omaima Hamouri

Os filmes competem pelo prémio do público e pelo prémio atribuído pelo júri e os bilhetes estão à venda on-line e no São Jorge com preços entre os 3,5 e os 4€ (os passes para famílias ou secções variam entre os 9 e os 15€). Além de programação musical, workshops ou ateliers para crianças há ainda espaço para várias conversas com os realizadores presentes (Laura Gonçalves, Rebecca Cremona, Andrea Casaseca, Joana Maria Sousa e Manuel Carneiro, Marta Pessoa, Tânia Dinis, Sarah Munro, Nerea Marcén, Malou Lévêque e Susanne Malorny). E dia 5 às 16h15 realiza-se o debate Formas de linguagem alternativa no cinema, moderado por Patrícia André, e no dia seguinte às 18h está-se À conversa sobre Bárbara Virgínia numa mesa-redonda moderada por Ana Catarina Pereira, investigadora da Universidade da Beira Interior e autora da tese A Mulher Cineasta, sobre a realizadora de Três Dias sem Deus (1946).

A situação das mulheres na indústria cinematográfica tornou-se um tema quase incontornável e não há hoje actriz, realizadora ou argumentista que não seja confrontada com os números que as põem na cauda do pelotão em entrevistas em que tendem depois a partilhar as suas histórias – algumas repletas de sexismo e sexo, como reflectem alguns blogues que compilam relatos de bastidores. Ou como a de Maggie Gyllenhaal, que contou há dias ao site The Wrap que foi considerada por um produtor como sendo demasiado velha, aos 37 anos, para contracenar com um actor de 55 que deveria estar apaixonado pela sua personagem. Na Europa, em 2012, apenas 17,5% das pessoas que trabalham em cinema eram do sexo feminino, segundo dados do fundo europeu Eurimages, e das longas de ficção produzidas em Portugal com apoio público entre 2011 e 13 apenas 27,3% eram de realizadoras. E no maior mercado do mundo, Hollywood, dos 250 filmes mais rentáveis de 2014 só 7% tiveram uma realizadora.

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Make Yourself at Home, de Heli Hardy
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Villa Touma, de Suha Arraf

O programa completo do festival pode ser consultado aqui.   

Notícia corrigida às 14h37 - país de origem de Villa Touma