Ministra volta mais receptiva às negociações com os polícias
Anabela Rodrigues foi sensibilizada por Passos Coelho que está preocupado com manifestações de polícias na eleições.
“Demonstrou mais receptividade às nossas propostas e maior com vontade de encontrar soluções. Não lhe queria chamar cedência, mas há uma noção muito mais clara do que é importante para a PSP”, disse ao PÚBLICO o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Rodrigues. Também o presidente do Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP), Mário Andrade, sublinhou a “receptividade” e a “vontade de querer aprovar o estatuto ainda este ano”. A última ronda de reuniões ocorre a 5 de Junho.
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“Demonstrou mais receptividade às nossas propostas e maior com vontade de encontrar soluções. Não lhe queria chamar cedência, mas há uma noção muito mais clara do que é importante para a PSP”, disse ao PÚBLICO o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Rodrigues. Também o presidente do Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP), Mário Andrade, sublinhou a “receptividade” e a “vontade de querer aprovar o estatuto ainda este ano”. A última ronda de reuniões ocorre a 5 de Junho.
A reviravolta ocorre depois de há cerca de duas semanas a ministra ter adiantado no Parlamento que não iria haver tempo de aprovar as leis orgânicas da PSP e da GNR este ano. Para os polícias, que tinham ouvido o seu antecessor, Miguel Macedo, garantir que o fazia ainda este ano, isso poderia significar que também os estatutos iriam ficar pelo caminho. “Tivemos receio de que assim fosse, é verdade”, admite Paulo Rodrigues.
Certo é que a tensão entre os sindicatos da PSP, que classificaram a proposta de estatuto da tutela de “indigna”, chegou até ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e ao vice-primeiro-ministro, Paulo Portas. Os partidos que apoiam a maioria governativa (PSD e CDS) não desejavam uma campanha eleitoral, que se avizinha, marcada por manifestações de polícias, como chegou a ser aventado pelos sindicatos.
Governo e partidos da maioria movimentaram-se para conseguirem resolver o diferendo e Passos Coelho, apurou o PÚBLICO, chamou a ministra a São Bento na semana passada para a sensibilizar. Portas também terá dado conta das suas preocupações a Passos Coelho. “O CDS tentou discretamente fazer ver que é importante que o estatuto seja aprovado numa lógica de solução mais consensual”, disse ao PÚBLICO o deputado Nuno Magalhães, líder da bancada do CDS e ex-secretário de Estado da Administração Interna.
“É evidente que, se foi isso aconteceu, então a pressão do Governo teve efeito. Se o primeiro-ministro e o vice-primeiro-ministro deram orientações isso contou”, acrescentou Paulo Rodrigues que esteve reunido com a ministra na tarde desta quinta-feira quase quatro horas.
Segundo os sindicatos, Anabela Rodrigues cedeu a algumas reivindicações dos agentes e aceitou que a pré-aposentação passe a ser automática aos 55 anos de idade e 36 de serviço. A proposta da tutela estabelecia a possibilidade de ser concedida aos 58 anos de idade. Passará também a não depender da autorização do director nacional da PSP. Também a aposentação passará a ocorrer aos 60 anos de idade e sem qualquer corte nas pensões. Actualmente a reforma é aos 65 anos.
Por isso, a ministra sugeriu um plano de saídas para a reforma equilibrado com um plano de ingresso de novos agentes. Nos próximos três anos deverão entrar, faseadamente, 1500 e sair quase 2000 agentes, 750 para a pré-aposentação e os restantes para a aposentação.
A governante também recuou nas 40 horas semanais de trabalho que pretendia aplicar na PSP, admitindo manter as actuais 36. Fê-lo ainda relativamente ao uso e porte de arma por agentes na pré-aposentação. “Vamos ver se ainda conseguimos aprovar um estatuto bom para os polícias”, sublinhou Mário Andrade, do SPP. Paulo Rodrigues salientou, contudo, que os polícias só “ficam tranquilos quando o estatuto estiver aprovado” e só então “se afasta a possibilidade de novas manifestações”.