Um sério abanão na “fortaleza” FIFA
Resistirá a FIFA a este abanão nas suas estruturas? Ou verá abrirem-se as primeiras brechas na “fortaleza”?
Falar da FIFA não é necessariamente falar de futebol. E isto não é apenas válido agora, quando a justiça norte-americana acusou formalmente de corrupção 14 elementos ligados à federação, entre os quais dois vice-presidentes e vários dirigentes. É uma coisa que já vem de há muito e que está intimamente ligada à estrutura da FIFA (Federação Internacional de Futebol), uma estrutura baseada num sistema fechado sobre si mesmo, oligárquico, com estruturas que se movem e actuam sem qualquer escrutínio externo; e que mantém, sem sobressaltos, tal estado de coisas com a ajuda de um sistema de voto que tranquilamente assegura a reeleição de quem ali manda. Sucedeu com Havelange, sucede agora com Blatter. É isso que explica que as eleições para a presidência da FIFA se mantenham marcadas para amanhã, como se nada tivesse sucedido (contra a vontade da UEFA, “profundamente chocada e triste”, que propunha um adiamento para pôr a casa em ordem e “proteger o futebol”); e que Blatter, seguro da sua reeleição, tenha vindo afirmar que a acção da justiça norte-americana e suíça “é bem-vinda” e que, se houve investigação, a iniciativa até partiu dele. Ele sabe que, por mais que na Europa se grite “escândalo”, pode contar com a fidelidade das federações com maior número de votos – que lhe darão, confortavelmente, o seu quinto mandato. Blatter, que começou como chefe de relações públicas no turismo de Valais, na sua Suíça natal, entrou na FIFA como director de programas na gestão Havelange e tornou-se presidente em 1998. Havelange, seu antecessor entre 1974 e 1998, enfrentou em 2013 acusações de corrupção e renunciou à presidência de honra da FIFA por via delas; uma investigação concluiu que teria recebido milhões de uma empresa de marketing. Blatter, já se viu, pretende sobreviver aos actuais processos. Mas resistirá a FIFA a este abanão nas suas estruturas? Ou verá abrirem-se as primeiras brechas na sua intocável “fortaleza”?
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Falar da FIFA não é necessariamente falar de futebol. E isto não é apenas válido agora, quando a justiça norte-americana acusou formalmente de corrupção 14 elementos ligados à federação, entre os quais dois vice-presidentes e vários dirigentes. É uma coisa que já vem de há muito e que está intimamente ligada à estrutura da FIFA (Federação Internacional de Futebol), uma estrutura baseada num sistema fechado sobre si mesmo, oligárquico, com estruturas que se movem e actuam sem qualquer escrutínio externo; e que mantém, sem sobressaltos, tal estado de coisas com a ajuda de um sistema de voto que tranquilamente assegura a reeleição de quem ali manda. Sucedeu com Havelange, sucede agora com Blatter. É isso que explica que as eleições para a presidência da FIFA se mantenham marcadas para amanhã, como se nada tivesse sucedido (contra a vontade da UEFA, “profundamente chocada e triste”, que propunha um adiamento para pôr a casa em ordem e “proteger o futebol”); e que Blatter, seguro da sua reeleição, tenha vindo afirmar que a acção da justiça norte-americana e suíça “é bem-vinda” e que, se houve investigação, a iniciativa até partiu dele. Ele sabe que, por mais que na Europa se grite “escândalo”, pode contar com a fidelidade das federações com maior número de votos – que lhe darão, confortavelmente, o seu quinto mandato. Blatter, que começou como chefe de relações públicas no turismo de Valais, na sua Suíça natal, entrou na FIFA como director de programas na gestão Havelange e tornou-se presidente em 1998. Havelange, seu antecessor entre 1974 e 1998, enfrentou em 2013 acusações de corrupção e renunciou à presidência de honra da FIFA por via delas; uma investigação concluiu que teria recebido milhões de uma empresa de marketing. Blatter, já se viu, pretende sobreviver aos actuais processos. Mas resistirá a FIFA a este abanão nas suas estruturas? Ou verá abrirem-se as primeiras brechas na sua intocável “fortaleza”?