O “Dia dos Irmãos”
A existência do Dia dos Irmãos pretende assinalar o mais feliz que podemos ser: irmãos.
Mas também é verdade que não existe o Dia dos Irmãos. Ainda não existe. E faz falta. Faz-nos falta.
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Mas também é verdade que não existe o Dia dos Irmãos. Ainda não existe. E faz falta. Faz-nos falta.
O calendário assinala datas, efemérides, memórias. Por isso se destacam dias especiais, para celebrar o que de mais importante somos ou temos. Eis o que propomos: a criação do Dia dos Irmãos, em 31 de Maio. Um dia dedicado ao significado, à celebração e à memória dos irmãos.
A vida vai-se construindo em torno de afectos, acontecimentos, aprendizagens, compromissos, e tantas outras coisas.
Os irmãos são os nossos mais próximos, são parte de nós. Crescemos com eles e eles crescem connosco, numa teia de cumplicidades e vivências comuns. O que acontece entre irmãos é único, irrepetível, molda a nossa vida para sempre.
Por isso se torna tão importante assinalar um dia dedicado aos irmãos, à relação entre irmãos. A este amor incondicional a que nos agarramos quando os nossos pais partem. Com os irmãos sabemos que nunca estaremos sós. Nós dentro deles, eles dentro de nós.
A ideia da criação do Dia dos Irmãos cresceu rapidamente. É uma ideia feliz, que não separa e que convoca todos. Só por isso já valeu a pena. Queremos apresentá-la oportunamente na Assembleia da República, para que seja votada e formalizada. Há uma petição a rodar em www.diadosirmaos.org/peticao.php. Aliás, são três petições juntas, porque é já um movimento europeu e internacional.
Essa será a maneira de tornar presente o que de tão importante acontece entre irmãos. O crescer juntos. As aventuras. A solidariedade. A diversidade. A alegria e a tristeza. As emoções boas e más. A partilha. A tolerância. A reconciliação. O futuro.
Quem tem a felicidade de ter irmãos, conhece o significado desta pertença. Eterna, porque para sempre.
Propomos o dia 31 de Maio. São várias as razões desta escolha. Trata-se de um mês cheio de celebrações familiares. Entre elas, o dia da Mãe e o Dia Internacional da Família (15 de Maio), assim declarado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1995. Mas queremos seguir, especialmente, uma frase feliz de Fernando Ribeiro e Castro, que empenhou a sua vida na defesa da família e das famílias numerosas. Essa frase contém a ideia essencial: “Se queres ver uma criança feliz, dá-lhe um irmão. Se a queres ver muito feliz, dá-lhe muitos irmãos.”
A 31 de Maio, véspera do Dia Mundial da Criança (1 de Junho), queremos dar a todas as crianças a boa nova dos irmãos. O mundo em que vivemos parece esquecer esta verdade. Vivemos tempos sem filhos e não pensamos que estamos a arriscar o futuro. Precisamos de testemunhar a esperança e a energia que as crianças trazem. Precisamos de festejar a presença de filhos na família. A relação entre eles. A esperança neles. Precisamos de recordar as alegrias e as tristezas vividas juntos. O que nos marcou para sempre.
Oportunidade de agradecer a quem tão bem nos conhece e conhecemos tão bem. A companhia. A pertença. Os códigos. Os silêncios. O que sabemos e o que nunca saberemos porque não precisamos. Com palavras. Sem palavras. Nós e eles.
A existência do Dia dos Irmãos pretende assinalar o mais feliz que podemos ser: irmãos.
Vamos a isto!
Médica psiquiatra, ex-comissária para os Assuntos da Família