Sampaio da Nóvoa promete que não fará da “omissão um estilo"

O candidato a Belém teve a seu lado o antigo Presidente da República Ramalho Eanes na apresentação da sua carta de princípios. Foi no Porto onde foram notadas as ausências de deputados do PS ou de qualquer outro partido e de Manuel Pizarro, ex-líder local do PS.

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Sampaio da Nóvoa esta sexta-feira numa sessão política no Porto. Fernando Veludo/Nfactos

Com Ramalho Eanes na primeira fila, o candidato apresentou ao princípio da noite, no Teatro Municipal do Porto, a carta de princípios da sua candidatura, e prometeu que procurará “honrar a confiança” em si depositada, dando continuidade ao legado dos mandatos dos presidentes Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio.

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Com Ramalho Eanes na primeira fila, o candidato apresentou ao princípio da noite, no Teatro Municipal do Porto, a carta de princípios da sua candidatura, e prometeu que procurará “honrar a confiança” em si depositada, dando continuidade ao legado dos mandatos dos presidentes Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio.

Recebido com muitos aplausos, o ex-reitor da Universidade de Lisboa arrebatou a plateia quando disse: “O Presidente da República não é uma figura honorífica, não é apenas uma referência simbólica, não exerce um mandato cerimonial. Cumprirei o meu mandato, plenamente, no escrupuloso respeito pelos limites constitucionais. Serei prudente e rigoroso no uso dos poderes presidenciais, mas não farei da omissão um estilo, da ausência um método, do silêncio um resguardo”.

"Dedicarei uma atenção especial ao combate à corrupção e à promiscuidade entre a política e os negócios, e não aceitarei nunca que interesses particulares se sobreponham ao interesse de todos", proclamou, perante muitos aplausos.

Prometendo que agirá "com total independência face a forças políticas, económicas e sociais", Sampaio da Nóvoa explicou os compromissos da sua candidatura e afirmou que "é necessário abandonar políticas de austeridade que conduziram a um desastre económico e social" na União Europeia. Nesse sentido, defendeu a promoção em Portugal de "um amplo debate sobre a Europa", ao mesmo tempo que garantiu que não vai aceitar "novos acordos, que afectem significativamente a nossa soberania, sem a prévia realização de um referendo nacional".

A sala, onde se viam várias caras conhecidas, como os ex-ministros Luis Braga da Cruz, Elisa Ferreira e Augusto Santos Silva, o cientista Alexandre Quintanilha, Alberto Amaral, antigo reitor da Universidade do Porto, Fernando Aguiar-Branco, pai do actual ministro da Defesa e mandatário da candidatura de Manuel Pizarro à Câmara do Porto, Miguel Alves, presidente da Câmara de Caminha, Rosário Gamboa, presidente do Instituto Politécnicos do Porto, Manuel Correia Fernandes, vereador na Câmara do Porto, entre muitas outras personalidades, não regateou aplausos ao candidato que fez um discurso caloroso e de proximidade. Mas também foram notadas muitas ausências, nomeadamente de deputados do PS ou de qualquer outros partido e também do ex-líder da concelhia e actual vereador do PS, Manuel Pizarro. Da estrutura partidária socialista marcaram presença o presidente da concelhia, Barbosa Ribeiro, e o líder da JS.

O ex-reitor da Universidade de Lisboa aludiu às “mudanças profundas” que vão ocorrer na próxima década para dizer que um “Presidente da República tem de estar preparado para estas mudanças, unindo, juntando os portugueses em torno de causas maiores, de causas de futuro”.

No plano dos compromissos, defendeu uma “nova visão geoestratégica de Portugal”. “Depois de um ciclo centrado na Europa, precisamos agora de reencontrar ligações mais fortes no mundo, em particular no mundo da língua portuguesa”, disse, sublinhando que “um Presidente da República deve dedicar uma parte importante do seu tempo a construir esta relação”. Mas salvaguardou que "a construção a Europa não pode ser a diminuição de Portugal, não pode conduzir ao empobrecimento, à fragilização da nossa capacidade produtiva à nossa independência”. Os aplausos voltaram a ouvir-se.

Ainda no plano dos compromissos, defendeu a definição de uma “estratégia nacional de valorização do conhecimento e dos jovens para que levem a sua vitalidade à economia e à sociedade”.

O candidato não esqueceu os pobres e as desigualdades e pediu um “compromisso claro na luta contra a pobreza e contra o aumento das desigualdades”. “O Presidente da República tem de zelar, tem de cuidar, tem de exercer uma magistratura da ética e do cuidado”. E decretou: “Não permitirei que os portugueses fiquem desamparados, com um estado tão zeloso com as suas obrigações externas e tão pouco atento à suas obrigações com os portugueses mais pobres, com as crianças e os jovens, com os trabalhadores, com os pensionistas e os reformados que vivem nas margens da exclusão”.