Andrzej Duda é o novo Presidente da Polónia
Resultados da segunda volta das presidenciais podem ser antecipação das legislativas deste ano. O vencedor é nacionalista e eurocéptico.
Sob o Governo do Plafatorma Cívica, que chegou ao poder em 2007, a economia da Polónia cresceu 33%, ignorando em larga medida a crise na Europa – durante o mesmo período, a economia da União Europeia cresceu apenas 3,5%. Mesmo face a este crescimento económico, o Governo, liderado primeiro por Donald Tusk e agora por Ewa Kopacz, é criticado por ter aumentado a idade de reforma, mas também por não ter conseguido que a prosperidade económica no país se sentisse nos salários da classe média.
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Sob o Governo do Plafatorma Cívica, que chegou ao poder em 2007, a economia da Polónia cresceu 33%, ignorando em larga medida a crise na Europa – durante o mesmo período, a economia da União Europeia cresceu apenas 3,5%. Mesmo face a este crescimento económico, o Governo, liderado primeiro por Donald Tusk e agora por Ewa Kopacz, é criticado por ter aumentado a idade de reforma, mas também por não ter conseguido que a prosperidade económica no país se sentisse nos salários da classe média.
É um resultado surpreendente para Andrzej Duda, mas mais ainda para Bronislaw Komorowski que, apenas três dias antes da primeira volta, surgia com oito pontos percentuais de avanço sobreo candidato do Lei e Justiça. Komorowski, também conservador, mas europeísta e mais próximo do centro, foi Presidente durante cinco anos de franco crescimento económico da Polónia, período ao longo do qual o país se consolidou como a maior potência do Leste europeu.
Duda, um advogado de 43 anos (contra os 62 de Komorowski), deu um tom marcadamente nacionalista e eurocéptico a estas presidenciais. É contra a entrada da Polónia na Zona Euro e, ao longo da campanha, afirmou que o país não está a conseguir fazer valer os seus interesses no interior da União Europeia. Afirmou que não permitirá que a Polónia se torne num país de "classe B" na Europa, apontando para os milhões de polacos que emigraram para outros Estados europeus à procura de melhores salários.
A presidência de Andrzej Duda é um sinal de que a Polónia poderá afastar-se dos novos aliados no contexto europeu e voltar a atenção para o interior do país. Quando o Plataforma Cívica chegou ao poder, em 2007, a Polónia passou a ser um dos principais aliados da Alemanha.
Antes destas eleições, Duda fora vice-ministro da Justiça no breve Governo de Jaroslaw Kaczynski. Jaroslaw, irmão gémeo de Lech Kaczynski (o Presidente polaco que morreu num desastre de aviação na Rússia, em 2010) é novamente candidato às eleições legislativas de Outubro.
A derrota de Komorowski está a ser interpretada sobretudo como uma derrota do Plataforma Cívica e um factor de incerteza nas legislativas. Mostra pelo menos que os polacos querem ver caras novas na política.
O papel da Polónia na União Europeia foi ganhando importância ao longo dos últimos dez anos. Tanto assim foi que, no final de 2014, Donald Tusk, então primeiro-ministro, foi apontado para o cargo de Presidente da Conselho Europeu.