Sonangol recebeu 1000 milhões para assegurar BCP e entrar no ex-BESA
Petrolífera é o principal accionista do BCP, e continua a funcionar como braço financeiro do Estado angolano.
De acordo com o relatório e contas da Sonangol, “o adiantamento por conta de investimentos financeiros com a descrição “Banco Económico” [a designação da nova instituição que irá suceder ao BESA] corresponde a um adiantamento para realização de capital, na medida em que a referida instituição ainda não existe, até que o processo legal existente ao nível do BESA esteja concluído”.
Do valor avançado pelo Estado angolano à petrolífera, cerca de 500 milhões de euros estão relacionados com a entrada no ex-BESA, após o colapso da instituição, ligado ao desmoronamento do grupo BES/GES.
Após a intervenção do Estado no BESA, em Outubro do ano passado o banco central de Angola anunciou que a Sonangol ia ser accionista da instituição financeira, e que esta ia mudar de nome para Banco Económico. O Novo Banco (ex-BES) ficou com 9,9% do capital (quando o BES detinha a maioria até então), e a Sonangol deverá ficar com 35%.
O resto do capital está nas mãos da Geni (do general angolano “Dino”, e que já era accionista) e de uma nova empresa, a Lektro Capital (que estará ligada a investidores chineses). De fora parece ter ficado a Portmill (de Manuel Vicente, ex-CEO da Sonangol e vice-presidente de Angola, e do general “Kopelipa”).
No entanto, o Banco Económico ainda não foi oficialmente criado. Logo em Outubro, o BES (entidade que ficou com os activos considerados tóxicos) considerou que tinha sido impedido de participar na assembleia-geral que decidiu o futuro da instituição, pelo que as decisões tomadas pelos outros accionistas eram “inválidas” e que iria “agir em conformidade” do ponto de vista legal.
Quanto ao BCP, a injecção de capital por parte do Estado angolano foi fundamental para a Sonangol conseguir manter-se como principal accionista (com 19,4%). Sem esse apoio, a petrolífera teria mais dificuldades em aplicar os cerca de 450 milhões de euros que foram necessários para acompanhar o aumento de capital conduzido pelo banco liderado por Nuno Amado.
Para reforçar o seu balanço e conseguir devolver parte do empréstimo concedido pelo Estado português, o BCP realizou no ano passado um aumento de capital, reservado aos accionistas, de 2250 milhões de euros. Neste momento, está em cima da mesa uma proposta de Isabel dos Santos (empresária e filha do presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos) para fundir o BCP com o BPI (do qual Isabel dos Santos é o segundo maior accionista). A estratégia da empresária surgiu após a OPA dos catalães do La Caixa ao BPI, do qual é o maior accionista. Por parte do BCP, a gestão já fez saber que está “disponível” para analisar a fusão.
Atlântico lidera nos lucros
A Sonangol, que esteve na criação do angolano Atlântico, deixou de aparecer como accionista nas informações deste banco, mas, no entanto, o Relatório e Contas da petrolífera afirma que detém 20% Atlântico Europa SGPS. Esta é a holding que domina 100% do Banco Atlântico Europa, que o banco angolano inaugurou em Lisboa em 2009.
De acordo com os dados desta instituição financeira, o capital está disperso pelo Atlântico Finantial Group, com sede no Luxemburgo (dono de 89,5%), directamente pelo Banco Privado Atlântico (com 7%) e pela equipa de gestão (com 3,5%). O Atlântico Europa, agora liderado por Diogo da Cunha, e que registou prejuízos até 2012, é neste momento o banco de capitais angolanos mais lucrativo em Portugal, ultrapassando o BAI Europa (que conta com a Sonangol como maior accionista) e o BIC Portugal (que absorveu o BPN).
No ano passado, o Atlântico Europa teve um resultado líquido de 3,75 milhões de euros, o que representa uma subida de 71% face a 2013, beneficiando do crescimento de negócios como a captação de clientes residentes em Angola e o investimento em imobiliário. Já o BAI Europa subiu 3,7% para 3,66 milhões e o BIC Portugal desceu 54% para 1,14 milhões (devido a imparidades extraordinárias de 17,7 milhões provocadas pela exposição de crédito ao GES).
No primeiro trimestre deste ano, o Atlântico Europa manteve a dianteira, com um lucro de 3,4 milhões (mais 208% em termos homólogos), contra os três milhões do BIC Portugal (+49%) e os 1,2 milhões do BAI Europa (-9%). De acordo com o Atlântico Europa, a melhoria do lucro resulta do aumento do produto bancário, da redução de custos de funcionamento e das provisões e amortizações realizadas no período em causa.
“Esta evolução assenta igualmente no crescimento da actividade, reflectida no aumento dos recursos de clientes de 352 milhões de euros, no final do primeiro trimestre de 2014, para 438 milhões de euros” no final de Março deste ano, e “de um aumento do crédito a clientes de 98 milhões de euros para 109 milhões de euros”, refere a instituição financeira. O banco realça, contudo, que face aos investimentos na expansão não perspectiva "que os restantes trimestres do ano possam ser tão expressivos”.
O Atlântico Europa está a ultimar o arranque das operações na Namíbia, mercado onde irá depois defrontar-se com o BIC. Este último, que tem como principal accionista Isabel dos Santos, já está na África do Sul e em Cabo Verde, e quer abrir um escritório de representação na China. Já no que toca ao mercado brasileiro, depois de ter comprado o BPN Brasil (e assegurado a parte do capital que estava com o BAI), aguarda ainda autorização das autoridades locais para iniciar actividade.
BNI reforça capital em Portugal
No ano passado, o mercado nacional assistiu à entrada um novo banco de capitais angolano, o BNI Europa.O banco, que teve um prejuízo de 873 mil euros no primeiro trimestre, reforçou em Abril o seu capital social em 9,25 milhões de euros (de 25 milhões para 34,25 milhões). Esta estratégia está ligada à necessidade de crescimento do banco, estimando-se que os prejuízos se mantenham no médio prazo.
De acordo com informações recolhidas pelo PÚBLICO, o banco já foi autorizado pelo Banco de Portugal a avançar, quando for necessário, com dois empréstimos subordinados (diversificando as fontes de financiamento), e não exclui a hipótese de abrir o capital a novos investidores. O principal accionista do BNI é Mário Palhares (que já esteve no BAI), com 28%. Segue-se o general João de Matos, com 11,6%, e o consórcio BGI, ligado ao grupo Castle na cervejeira Cuca.
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De acordo com o relatório e contas da Sonangol, “o adiantamento por conta de investimentos financeiros com a descrição “Banco Económico” [a designação da nova instituição que irá suceder ao BESA] corresponde a um adiantamento para realização de capital, na medida em que a referida instituição ainda não existe, até que o processo legal existente ao nível do BESA esteja concluído”.
Do valor avançado pelo Estado angolano à petrolífera, cerca de 500 milhões de euros estão relacionados com a entrada no ex-BESA, após o colapso da instituição, ligado ao desmoronamento do grupo BES/GES.
Após a intervenção do Estado no BESA, em Outubro do ano passado o banco central de Angola anunciou que a Sonangol ia ser accionista da instituição financeira, e que esta ia mudar de nome para Banco Económico. O Novo Banco (ex-BES) ficou com 9,9% do capital (quando o BES detinha a maioria até então), e a Sonangol deverá ficar com 35%.
O resto do capital está nas mãos da Geni (do general angolano “Dino”, e que já era accionista) e de uma nova empresa, a Lektro Capital (que estará ligada a investidores chineses). De fora parece ter ficado a Portmill (de Manuel Vicente, ex-CEO da Sonangol e vice-presidente de Angola, e do general “Kopelipa”).
No entanto, o Banco Económico ainda não foi oficialmente criado. Logo em Outubro, o BES (entidade que ficou com os activos considerados tóxicos) considerou que tinha sido impedido de participar na assembleia-geral que decidiu o futuro da instituição, pelo que as decisões tomadas pelos outros accionistas eram “inválidas” e que iria “agir em conformidade” do ponto de vista legal.
Quanto ao BCP, a injecção de capital por parte do Estado angolano foi fundamental para a Sonangol conseguir manter-se como principal accionista (com 19,4%). Sem esse apoio, a petrolífera teria mais dificuldades em aplicar os cerca de 450 milhões de euros que foram necessários para acompanhar o aumento de capital conduzido pelo banco liderado por Nuno Amado.
Para reforçar o seu balanço e conseguir devolver parte do empréstimo concedido pelo Estado português, o BCP realizou no ano passado um aumento de capital, reservado aos accionistas, de 2250 milhões de euros. Neste momento, está em cima da mesa uma proposta de Isabel dos Santos (empresária e filha do presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos) para fundir o BCP com o BPI (do qual Isabel dos Santos é o segundo maior accionista). A estratégia da empresária surgiu após a OPA dos catalães do La Caixa ao BPI, do qual é o maior accionista. Por parte do BCP, a gestão já fez saber que está “disponível” para analisar a fusão.
Atlântico lidera nos lucros
A Sonangol, que esteve na criação do angolano Atlântico, deixou de aparecer como accionista nas informações deste banco, mas, no entanto, o Relatório e Contas da petrolífera afirma que detém 20% Atlântico Europa SGPS. Esta é a holding que domina 100% do Banco Atlântico Europa, que o banco angolano inaugurou em Lisboa em 2009.
De acordo com os dados desta instituição financeira, o capital está disperso pelo Atlântico Finantial Group, com sede no Luxemburgo (dono de 89,5%), directamente pelo Banco Privado Atlântico (com 7%) e pela equipa de gestão (com 3,5%). O Atlântico Europa, agora liderado por Diogo da Cunha, e que registou prejuízos até 2012, é neste momento o banco de capitais angolanos mais lucrativo em Portugal, ultrapassando o BAI Europa (que conta com a Sonangol como maior accionista) e o BIC Portugal (que absorveu o BPN).
No ano passado, o Atlântico Europa teve um resultado líquido de 3,75 milhões de euros, o que representa uma subida de 71% face a 2013, beneficiando do crescimento de negócios como a captação de clientes residentes em Angola e o investimento em imobiliário. Já o BAI Europa subiu 3,7% para 3,66 milhões e o BIC Portugal desceu 54% para 1,14 milhões (devido a imparidades extraordinárias de 17,7 milhões provocadas pela exposição de crédito ao GES).
No primeiro trimestre deste ano, o Atlântico Europa manteve a dianteira, com um lucro de 3,4 milhões (mais 208% em termos homólogos), contra os três milhões do BIC Portugal (+49%) e os 1,2 milhões do BAI Europa (-9%). De acordo com o Atlântico Europa, a melhoria do lucro resulta do aumento do produto bancário, da redução de custos de funcionamento e das provisões e amortizações realizadas no período em causa.
“Esta evolução assenta igualmente no crescimento da actividade, reflectida no aumento dos recursos de clientes de 352 milhões de euros, no final do primeiro trimestre de 2014, para 438 milhões de euros” no final de Março deste ano, e “de um aumento do crédito a clientes de 98 milhões de euros para 109 milhões de euros”, refere a instituição financeira. O banco realça, contudo, que face aos investimentos na expansão não perspectiva "que os restantes trimestres do ano possam ser tão expressivos”.
O Atlântico Europa está a ultimar o arranque das operações na Namíbia, mercado onde irá depois defrontar-se com o BIC. Este último, que tem como principal accionista Isabel dos Santos, já está na África do Sul e em Cabo Verde, e quer abrir um escritório de representação na China. Já no que toca ao mercado brasileiro, depois de ter comprado o BPN Brasil (e assegurado a parte do capital que estava com o BAI), aguarda ainda autorização das autoridades locais para iniciar actividade.
BNI reforça capital em Portugal
No ano passado, o mercado nacional assistiu à entrada um novo banco de capitais angolano, o BNI Europa.O banco, que teve um prejuízo de 873 mil euros no primeiro trimestre, reforçou em Abril o seu capital social em 9,25 milhões de euros (de 25 milhões para 34,25 milhões). Esta estratégia está ligada à necessidade de crescimento do banco, estimando-se que os prejuízos se mantenham no médio prazo.
De acordo com informações recolhidas pelo PÚBLICO, o banco já foi autorizado pelo Banco de Portugal a avançar, quando for necessário, com dois empréstimos subordinados (diversificando as fontes de financiamento), e não exclui a hipótese de abrir o capital a novos investidores. O principal accionista do BNI é Mário Palhares (que já esteve no BAI), com 28%. Segue-se o general João de Matos, com 11,6%, e o consórcio BGI, ligado ao grupo Castle na cervejeira Cuca.