Videovigilância no Bairro Alto ajudou polícia a detectar mais crimes em 2014
Bairro tem 27 câmaras que permitem a visualização de imagens em tempo real entre as 18h00 e as 07h00.
“A criminalidade que registamos no dia-a-dia manteve-se, mas foram detectados mais crimes devido à acção das câmaras de videovigilância”, disse à agência Lusa o subcomissário Hugo Abreu, porta-voz do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP.
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“A criminalidade que registamos no dia-a-dia manteve-se, mas foram detectados mais crimes devido à acção das câmaras de videovigilância”, disse à agência Lusa o subcomissário Hugo Abreu, porta-voz do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP.
Nesta sexta-feira assinala-se um ano desde que a videovigilância entrou em funcionamento no Bairro Alto, após o contrato para a sua instalação ter sido assinado pelo município em Outubro de 2012.
Ao todo, as 27 câmaras permitem a visualização de imagens em tempo real, entre as 18h00 e as 07h00, podendo servir como “meio de identificação e prova”, explicou o Cometlis numa nota enviada à agência Lusa.
Só este comando é que tem acesso às imagens captadas, pelo que, caso detecte algum incidente ou emergência, activa os meios necessários para o local.
De acordo com a PSP, o número de crimes - cujos tipos não são especificados - registados entre Maio e Setembro do ano passado baixou de 66 para 50, aumentando em Outubro (para 77) e descendo em Novembro (62). Em Dezembro, verificaram-se 66 crimes.
Contudo, em comparação com o ano anterior, estes números revelam um acréscimo. Por exemplo, em Dezembro de 2013 o total de crimes foi de 36, número que quase duplicou no ano seguinte.
Exceptua-se o mês de Setembro do ano passado, em que se verificaram 50 crimes, menos sete do que no ano anterior.
Nos dados enviados à Lusa, a polícia específica valores da criminalidade violenta e grave, que também aumentaram de forma geral no ano passado, situando-se, em média, no entanto, abaixo de uma dezena.
De acordo com a presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, Carla Madeira, as câmaras de videovigilância dão “mais segurança a quem circula do que a quem reside” no Bairro, já que por norma, durante os horários de funcionamento do sistema, os moradores já estão nas suas casas.
Apesar de reconhecer o efeito dissuasor e a utilidade da videovigilância, nomeadamente em casos de violência, a responsável admitiu que a “população não se sente 100% segura”, situação confirmada pelo presidente da Associação de Moradores do Bairro Alto, Luís Paisana.
Este responsável admitiu à Lusa “alguma frustração” face à falta de “resultados práticos” do sistema.
Carla Madeira frisou que um dos principais problemas da zona continua a ser o tráfico de droga, área em que a PSP acaba por não poder intervir por, em muitas situações, não se tratar de “droga verdadeira” mas sim de “louro e farinha”.
O presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto, Hilário Castro, conhece bem esta realidade que, a seu ver, se “tem vindo a agravar”.
“Não há turista nenhum que passe pelo Bairro sem ser abordado para comprar cocaína e haxixe”, lamentou, dando conta de “queixas frequentes das recepções dos hotéis” que recomendam esta como uma zona a visitar.
Carla Madeira e Hilário Castro defendem, por isso, mais agentes na rua e alterações na legislação, para evitar passar uma “imagem degradante” do Bairro Alto.
Sobre esta questão, o Cometlis disse ser “precoce concluir que a videovigilância tem impacto nas investigações de tráfico”.
A agência Lusa pediu à Câmara de Lisboa um balanço sobre o primeiro ano de funcionamento das câmaras de videovigilância no Bairro Alto, mas não obteve resposta até ao momento.