Uns mais desiguais do que outros
Por que razão menos desigualdade é benéfico para todos? A resposta a esta pergunta deveria ser óbvia.
A OCDE publicou esta quinta-feira um relatório em que analisa o fenómeno da desigualdade nos 34 países que fazem parte da organização. O objectivo do documento é responder à seguinte questão: por que razão menos desigualdade é benéfico para todos? E a instituição liderada por Angel Gurría chega à conclusão, e dá-se ao trabalho de a quantificar, que mais desigualdade significa “um entrave ao crescimento”. E, já agora, um entrave moral, poderia ter acrescentado.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A OCDE publicou esta quinta-feira um relatório em que analisa o fenómeno da desigualdade nos 34 países que fazem parte da organização. O objectivo do documento é responder à seguinte questão: por que razão menos desigualdade é benéfico para todos? E a instituição liderada por Angel Gurría chega à conclusão, e dá-se ao trabalho de a quantificar, que mais desigualdade significa “um entrave ao crescimento”. E, já agora, um entrave moral, poderia ter acrescentado.
A frieza dos números mostra que os 10% mais ricos da população total da OCDE ganham, em média, 9,6 vezes mais do que os 10% mais pobres. Claro que há países mais iguais do que outros, e Portugal não é um deles. Somos o sétimo país mais desigual da OCDE e, mesmo assim, em 2012 estávamos numa situação melhor do que aquela de 2011. Mas o gap não baixou, porque os mais pobres ficaram mais ricos. A correcção aconteceu porque o elevado desemprego nivelou os rendimentos por baixo e porque os funcionários públicos sofreram cortes salariais.
O que fazer para contrariar as estatísticas? A OCDE recorda a função redistributiva que devem ter os impostos, sugerindo um agravamento para os mais ricos e mais apoios sociais ao rendimento dos mais pobres, tanto trabalhadores, como desempregados. E naturalmente que os governos promovam a igualdade através de mais investimento em educação, na formação e que penalizem a precariedade no trabalho.
Numa altura em que os partidos em Portugal estão já a preparar os programas eleitorais, estas recomendações deveriam ser um capítulo obrigatório. E numa altura em que se propõem pactos de regime até para as obras públicas, por que não um que juntasse os maiores partidos à volta do combate ao fenómeno da pobreza e desigualdade? Talvez assim as próximas estatísticas da OCDE não nos envergonhassem tanto.