Não só pelo motivo evidente de ambos serem filmes sobre museus — no caso do filme de Johannes Holzhausen, o Kunsthistoriches Museum de Viena —, mas também por a abordagem do realizador austríaco ter bastante a ver com o método wisemaniano, na sua exaustão de um lugar e das actividades que nele são levadas a cabo, sem recurso a procedimentos convencionais como a voz off ou os depoimentos para a câmara. Também aqui vemos os bastidores, os debates administrativos, os trabalhos de manutenção, o dia-a-dia.
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Não só pelo motivo evidente de ambos serem filmes sobre museus — no caso do filme de Johannes Holzhausen, o Kunsthistoriches Museum de Viena —, mas também por a abordagem do realizador austríaco ter bastante a ver com o método wisemaniano, na sua exaustão de um lugar e das actividades que nele são levadas a cabo, sem recurso a procedimentos convencionais como a voz off ou os depoimentos para a câmara. Também aqui vemos os bastidores, os debates administrativos, os trabalhos de manutenção, o dia-a-dia.
Holzhausen presta mais atenção ao edifício propriamente dito (um palácio do século XIX, cheio de sabor a império austro-húngaro) do que Wiseman à arquitectura da National Gallery, que lhe interessa pouco ou nada. E se em National Gallery Wiseman cerra o filme em torno dos quadros expostos, observando a pintura, a Holzhausen o espólio do museu parece interessar não por si mesmo mas enquanto material do trabalho dos funcionários. Acaba por ser um filme mais “aberto”, até no tratamento do espaço, muito mais através de planos gerais, e também mais “espectacular”, pelos movimentos de câmara, por exemplo, mas igualmente pela natureza dos episódios focados — onde se sente, por vezes, uma atracção pelo apontamento cómico que traz à memória o peculiar sentido de humor dos colegas austríacos de Holzhausen que se têm dedicado à ficção.