Top 10 das espécies de 2014 tem rã que dá à luz girinos e insecto-pau citadino
Só em 2014 descobriram-se 18.000 novas espécies. Um instituto dos Estados Unidos escolheu as dez que considera como “maravilhas”.
Estima-se que haja ainda dez milhões de espécies vivas por descobrir. Mas os biólogos de todo o mundo terão de se apressar. O desenvolvimento, a caça e as alterações climáticas estão a provocar a extinção de espécies mais rapidamente do que elas estão a ser descobertas.
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Estima-se que haja ainda dez milhões de espécies vivas por descobrir. Mas os biólogos de todo o mundo terão de se apressar. O desenvolvimento, a caça e as alterações climáticas estão a provocar a extinção de espécies mais rapidamente do que elas estão a ser descobertas.
Dois animais entraram na lista por causa do seu comportamento parental fora do comum. Uma vespa que vive na China, a Deuteragenia ossarium, usa uma arma química para afastar possíveis predadores que queiram abocanhar as suas larvas. Para isso, as mães colocam formigas mortas no seu ninho, que libertam um gás. Esse composto mascara o cheiro das próprias larvas, afastando os predadores. Já uma rã da Indonésia, a Limnonectes larvaepartus – ao contrário de pôr ovos como a maioria das 6455 espécies de rãs, ou de largar já rãzinhas completamente formadas –, dá à luz girinos, que deposita em poças de água.
Uma das dez espécies já está extinta há muitos milhões de anos. É um dinossauro que ganhou o invulgar nome de “galinha do inferno”. O Anzu wylei era um dinossauro com penas contemporâneo do T-rex e do Triceratops, viveu há 66 milhões de anos, no final do período Cretácico, o último da era dos dinossauros. Os seus fósseis foram desenterrados no Dacota do Norte e Dacota do Sul, nos Estados Unidos.
Há duas espécies que chamaram a atenção dos cientistas devido aos seus comportamentos artísticos. Uma é a aranha Cebrennus rechenbergi, que vive nas dunas do deserto em Marrocos e faz piruetas para despistar os predadores, conseguindo fugir ao dobro da velocidade com que corre. Outra é uma espécie da família dos peixes-balão, chamada Torquigener albomaculosus, que vive no Japão. Este peixe é o autor de estranhos desenhos encontrados no fundo do mar e que parecem uma composição de círculos complexos. Há 20 anos que os cientistas procuravam os autores destes desenhos. Afinal, são os machos desta espécie que constroem estes desenhos, nadando e contorcendo-se na areia, para atrair as fêmeas.
Há ainda a lesma-do-mar Phyllodesmium acanthorhinum, cujas cores atraíram os cientistas. Este gastrópode é azul, vermelho e dourado, e pode ajudar a compreender como é que as algas existentes no seu tubo digestivo produzem nutrientes para a lesma a partir dos corais que ela ingere.
Do mar ao largo do estado de Vitória, no Sudeste da Austrália, vieram duas espécies (que contam como uma única entrada no top 10) e que poderão representar um novo filo animal na árvore da vida. As espécies Dendrogramma enigmatica e Dendrogramma discoids são animais multicelulares, com uma boca numa das extremidades e um disco achatado na outra extremidade.
Pelo que já se observou, parecem ser aparentadas com o filo Cnidaria (onde estão as medusas, os corais ou as anémonas) e com o filo Ctenophora. Mas faltam a estas duas espécies certas características para poderem ser colocadas num destes filos. Os cientistas encontraram também semelhanças com fósseis anteriores ainda ao Câmbrico (período iniciado há cerca de 540 milhões de anos). Nesse caso, estas duas estranhas espécies seriam “fósseis vivos”. São necessárias análises genéticas para se tirarem mais conclusões.
Um insecto-pau, o Phryganistria tamdaoensis, com 22,5 centímetros, descoberto no Vietname, também teve direito a entrar para a lista. Faz parte da família de insectos-paus-gigantes. Embora não seja o maior, consegue-se camuflar e passou despercebido durante anos a viver na cidade de Tam Dao.
As duas espécies restantes são plantas. Uma delas é a Tillandsia religiosa, que é usada no presépio em certas regiões do México. A planta pode atingir até 1,5 metros de altura nas regiões montanhosas de Morelos, no Norte do México, a altitudes entre os 1800 e 2100 metros, e era desconhecida para a ciência, apesar de ser usada pelas pessoas.
Já a planta-coral Balanophora coralliformis vive nas Filipinas, entre 1465 e 1753 metros de altitude. É castanha e parece formada por tubos que se dividem em ramos e mais ramos. Ao contrário da maioria das plantas, não tem clorofila e não faz a fotossíntese para se alimentar. Por isso, rouba nutrientes a outras plantas, parasitando-as. Os cientistas só encontraram 50 indivíduos da nova espécie, por isso foi logo classificada como estando em perigo crítico de extinção.
A divulgação do top 10 das novas espécies nesta altura é uma a Lineu (1707-1778), o naturalista sueco, que nasceu a 23 de Maio, é o pai da taxonomia, a disciplina que ajuda os biólogos a catalogar os seres vivos.