Algarve “discriminado” na cultura exige debate parlamentar

Orquestra do Algarve mudou de nome para captar no Alentejo os apoios para garantir a subsistência do agrupamento. Ao fim de um ano, “ainda não teve o resultado esperado”.

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Em Setembro, a Orquestra Casa da Música vai sair do palco da Sala Suggia Nelson Garrido

O director da ACTA, Luís Vicente, em declarações ao PÚBLICO, recorda que os deputados, eleitos pelo distrito de Faro, “procuraram, mas não conseguiram, que houvesse uma correcção das práticas das sucessivos governos no diz respeito aos apoios à programação cultural”. A direcção-geral das Artes definiu um valor máximo de 400 mil euros por ano para quatro regiões, mas a quinta região, o Algarve, tem “um tecto” de 250 mil euros. “Um absurdo, não existe qualquer explicação para que tal aconteça”, comenta, por seu lado, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve - Amal, Jorge Botelho (PS) que é, também, presidente da assembleia-geral da Associação Musical do Algarve – a entidade que dirige a antiga Orquestra do Algarve. No sector musical, repetem-se as críticas. A Orquestra, há cerca de um ano, passou a chamar-se Orquestra Clássica do Sul para tentar conquistar, no Alentejo, os apoios que lhe foram cortados.

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O director da ACTA, Luís Vicente, em declarações ao PÚBLICO, recorda que os deputados, eleitos pelo distrito de Faro, “procuraram, mas não conseguiram, que houvesse uma correcção das práticas das sucessivos governos no diz respeito aos apoios à programação cultural”. A direcção-geral das Artes definiu um valor máximo de 400 mil euros por ano para quatro regiões, mas a quinta região, o Algarve, tem “um tecto” de 250 mil euros. “Um absurdo, não existe qualquer explicação para que tal aconteça”, comenta, por seu lado, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve - Amal, Jorge Botelho (PS) que é, também, presidente da assembleia-geral da Associação Musical do Algarve – a entidade que dirige a antiga Orquestra do Algarve. No sector musical, repetem-se as críticas. A Orquestra, há cerca de um ano, passou a chamar-se Orquestra Clássica do Sul para tentar conquistar, no Alentejo, os apoios que lhe foram cortados.

A assembleia-geral da Associação de Música do Algarve fez nesta terça-feira o balanço do primeiro ano de actividade da Orquestra, com nova designação, sedeada no Algarve, mas com áreas de influência a sul do Tejo. O resultado, disse o representante dos municípios, “ainda não é o esperado, em termos financeiros, mas foi dado um primeiro passo”, observou. O orçamento é assegurado pela secretaria de Estado da Cultura, que entra com um montante de 650 mil euros, equivalente a 50%. A outra metade é garantida pelas câmaras. No teatro, Luís Vicente entende que a alteração legislativa “uniformizou os critérios no acesso aos apoios mas o Algarve continuou a ser, injustificadamente, discriminado de forma negativa”. Por isso, os subscritores do abaixo-assinado reclamam de quem tutela a Cultura tratamento “idêntico ao que se verifica nas outras quatro regiões político-administrativas de Portugal”

O presidente da Associação Ar Quente, Gil Silva – um grupo oriundo do teatro universitário, em Faro, – queixa-se da “macrocefalia de Lisboa e Vale do Tejo” no que diz respeito aos apoios às artes performativas, teatro, dança e artes visuais. As periferias, enfatiza, “têm pouco significado ao nível do poder central”. Por outro lado, lamenta não existir na região “uma espécie de lobby para inverter o estado das coisas”. Por falta de apoios às actividades, o grupo tem vindo a reduzir-se. Nos últimos tempos, três elementos emigraram – dois foram para Inglaterra: um trabalha num restaurante, o outro é programador informático e uma rapariga está a fazer o doutoramento na Austrália. O ambiente que se vive na região, opina Luís Vicente, “merecia que o assunto fosse, seriamente, discutido na Amal”. Jorge Botelho diz que as “câmaras substituem-se à secretária de Estado da Cultura – são os municípios quem, de forma directa ou indirecta, subsidiam as actividades culturais”. A Companhia de Teatro do Algarve- ACTA chegou a ter 44 pessoas a trabalhar em permanência, actualmente está reduzida a nove pessoas.

Os anos “dourados” dos subsídios à programação cultural algarvia foram os do “allgarve” – um conjunto de eventos destinados a promover o sector turístico pelo lado da cultura. Ao fim de cinco anos acabou, sem deixar rasto na formação de novos públicos.