Grupo Pestana compra participação da Caixa nas Pousadas de Portugal

Banco público tinha 13% do capital e sai das Pousadas em Dezembro quando receber 1,5 milhões de euros, correspondentes à última tranche da operação de desinvestimento. Maior empresa hoteleira do país muda de imagem para ganhar mais dimensão internacional.

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Em 2014, 60% dos hóspedes das Pousadas foram estrangeiros Enric Vives Rubio

“A Caixa iniciou um processo de saída há três anos. Em Dezembro terminam definitivamente a sua participação”, detalhou José Theotónio, à margem de um encontro com jornalistas. Ao PÚBLICO, o presidente da comissão executiva detalhou que a compra começou a ser efectivada com pagamentos anuais e termina formalmente com a liquidação da última tranche, no valor de 1 milhão e 521 mil euros. Não foi possível apurar o valor global do negócio.

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“A Caixa iniciou um processo de saída há três anos. Em Dezembro terminam definitivamente a sua participação”, detalhou José Theotónio, à margem de um encontro com jornalistas. Ao PÚBLICO, o presidente da comissão executiva detalhou que a compra começou a ser efectivada com pagamentos anuais e termina formalmente com a liquidação da última tranche, no valor de 1 milhão e 521 mil euros. Não foi possível apurar o valor global do negócio.

A Empresa Nacional de Turismo (Enatur), entidade concessionária das Pousadas de Portugal, é detida em 51% pelo Turismo de Portugal e em 49% pelo GPP que, por sua vez, tem como accionistas o grupo Pestana, a Caixa Capital e a Fundação Oriente. Com as mudanças na estrutura, a empresa fundada por Dionísio Pestana passa a ter a quase totalidade do capital e a Fundação Oriente 15%.

José Theotónio sublinhou que, como capital de risco, a Caixa Capital estava no GPP apenas por um período de cinco anos. “O grupo está muito reconhecido à Caixa porque hoje todo o sector financeiro procura as empresas que estão a crescer para lhes dar financiamento mas há dois anos era muito difícil, e a Caixa foi uma das instituições que esteve sempre perto do grupo Pestana”, disse.

Em declarações recentes ao Diário Económico, José Carrilho, o presidente executivo da Caixa Capital, revelou que a empresa estava em processo de desinvestimento no Pestana-Pousadas.

O fundo do banco público entrou neste activo em 2003 quando o governo de Durão Barroso decidiu privatizar 49% do capital da Enatur e ceder a exploração das Pousadas, que acumulavam prejuízos há uma década. Na altura a Caixa tinha 25% de participação, o grupo Pestana 59,8%, a Fundação Oriente 15% e a Abreu e a Portimar 0,2%.
 
Mais turistas estrangeiros
De acordo com José Theotónio, a gestão das Pousadas de Portugal está nas mãos do GPP até 2023, com possibilidade de estender o prazo até 2028. E, com o Estado a não querer, para já, desfazer-se do capital que detém, o grupo Pestana está “confortável”.

Nos últimos anos, com a crise a diminuir o poder de compra dos portugueses – os principais clientes destas unidades históricas – houve uma aposta “estratégica nos mercados internacionais que começou a dar frutos”.

O CEO do Grupo Pestana detalha que, se antes os estrangeiros representavam 30% dos hóspedes, em 2014 já valeram 60%. “Os primeiros quatro meses do ano correram bem, vamos ver se conseguimos manter os mercados internacionais”, disse, questionado pelo PÚBLICO sobre as expectativas para 2015.

Nova estratégia
Esta terça-feira, no emblemático Pestana Palace, em Lisboa, o grupo hoteleiro apresentou uma nova imagem, que reposiciona a empresa como multinacional no sector da hotelaria. Com 1100 milhões de euros de activos, a expansão tem sido feita mais com investimento directo em imobiliário do que apenas na gestão, o que “não permite crescer rapidamente”, diz José Theotónio.

“Para fazer uma unidade e avançar para uma segunda é preciso dar algum tempo para recuperar o investimento e ter novos fundos. Sempre tentámos dar passos do tamanho da nossa perna. Se conseguirmos crescer pela gestão é mais fácil. Não há dúvida de que esta nova marca e a forma como nos apresentamos ao mercado, de forma mais aberta, mais arrojada e clarificadora, nos pode ajudar nesse processo”, explica.

Com cada vez mais visibilidade e presença em 16 países, chegou assim a altura reforçar na gestão e exploração de unidades detidas por outros, como sucedeu recentemente em Marraquexe em parceria com a Caisse de Dépôt et de Gestion, o maior investidor institucional marroquino. O grupo português vai gerir uma unidade onde até agora estava instalado um hotel do Club Med localizado na praça principal da cidade, a Jemaa el-Fna.

“A marca pela notoriedade que tem tido, pelo facto de estar presente em vários mercados, alguns deles muito concorrenciais como Londres, Berlim ou Miami e estar a ter sucesso empresarial começou a ter reconhecimento e maior visibilidade e começou a ser consultada em processos, quando antes ninguém se lembrava do grupo Pestana”, explicou. O investimento de um milhão de euros unifica a imagem da empresa portuguesa, que passa a ter como assinatura “Pestana Hotel Group – The time of your life”.

Mais 30% de camas até 2017
Em carteira, há dez novos projectos que incluem a estreia em Nova Iorque e em Amesterdão, em 2017, além de planos para outra unidade na Barra da Tijuca, Brasil, e em Madrid. Por cá, terá mais dois hotéis em Lisboa (um no formato Pousadas de Portugal já em Junho). Está ainda em andamento um novo hotel no Funchal, na Madeira, e em Alvor, no Algarve (este último construído de raiz).

Contas feitas, José Theotónio revela que até 2017 a actual oferta de 10.400 camas vai aumentar cerca de 30%. “Estamos a falar de 2100 pessoas espalhadas pelos vários países onde operamos”, disse.
 
Portugal vale 60% das receitas mas a expectativa é que nos próximos dez anos os mercados externos ganhem mais importância no negócio. Em 2014, o grupo teve receitas de 438 milhões de euros, mais 10% em comparação com 2013.