Parlamento Europeu convida protagonistas da crise da Macedónia

Escândalo de escutas que envolve o executivo levou a protestos inéditos, unindo macedónios e albaneses numa causa comum.

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Manifestação contra o primeiro-ministro Nikola Gruevski DIMITAR DILKOFF/AFP

Este convite foi feito depois de uma manifestação de 20 mil pessoas a exigir a demissão de Gruevski ter enchido no domingo as ruas de Skopje, a capital da Antiga República Jugoslava da Macedónia, juntando uma multidão de macedónios e albaneses, e de uma reunião nesta segunda-feira entre o primeiro-ministro e os líderes de quatro partidos da oposição, entre os quais Zaev, ter resultado infrutífera.

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Este convite foi feito depois de uma manifestação de 20 mil pessoas a exigir a demissão de Gruevski ter enchido no domingo as ruas de Skopje, a capital da Antiga República Jugoslava da Macedónia, juntando uma multidão de macedónios e albaneses, e de uma reunião nesta segunda-feira entre o primeiro-ministro e os líderes de quatro partidos da oposição, entre os quais Zaev, ter resultado infrutífera.

Frente ao edifício governativo em Skopje, capital da Antiga República Jugoslava da Macedónia, continuam acampados alguns dos manifestantes que saíram à rua no domingo, exigindo o afastamento do conservador Nikola Gruevski, no poder desde 2006.

Uma semana após a morte de mais de 20 pessoas num confronto entre a polícia e membros de uma organização albanesa nacionalista, em Kumanovo, nos arredores da capital, várias bandeiras da Macedónia e da Albânia desfilaram juntas, em protesto contra a corrupção e abuso e abuso de poder do governo do primeiro-ministro Gruesvski. Cerca de 30% dos habitantes do país são albaneses, sendo que ambas as comunidades vivem “vidas separadas”. “É a primeira vez que protesto junto dos macedónios”, disse à Reuters um manifestante albanês.

O escândalo que envolve escutas a mais de 20 mil pessoas no país, entre membros da oposição, comunicação social e titulares de cargos públicos, foi divulgado por Zoran Zaev. O caso resultou na demissão de vários ministros e do chefe dos serviços de segurança da Macedónia, a 13 de Maio.

Gruevski assumiu que as “vozes escutadas nas gravações são genuínas”, mas recusou demitir-se, argumentando que “não tinha dado ordem” para as mesmas serem feitas e que muitas tinham mesmo sido “manipuladas”.

O caso tornou-se motivo de luta política. “Viemos aqui pelo nosso futuro”, anunciava Zaev aos manifestantes, no domingo. O líder da oposição foi já sido acusado de “violência contra o Estado”, quer pelas suas denúncias, quer pelo papel activo nos protestos. Zaev afirma que o “tempo de Gruevski acabou” e apela a um verdadeiro governo de unidade naciona

No final da reunião desta segunda-feira, Zaev revelou que nenhum acordo havia sido alcançado e que o impasse permanecerá “enquanto o governo não se demitir” e “não se realizarem eleições transparentes”, segundo relata a Associated Press.

Ivo Vajgl, relator da União Europeia (UE) na Macedónia – que é um país candidato à adesão à EU e à NATO – disse ao Guardian que há um “risco sério” de contágio da instabilidade para outros países da região. Na sua opinião, existe “potencial para uma crise securitária regional”, desencadeada pelos confrontos de Kumanovo e reforçada pelas manifestações em Skopje.