A Humberto Pedrosa só falta a TAP para ter um império nos transportes

O dono da Barraqueiro juntou-se à Azul para concorrer à privatização da companhia. Se ganhar, ficará perto de fazer o pleno no sector.

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Barraqueiro liderou consórcio que, em 2010, venceu concurso para construção e gestão do Metro Sul do Tejo Rui Gaudêncio

Se entrar na TAP, não irá encontrar uma empresa muito diferente daquelas em que se orgulha de ter apostado no passado, já que o grupo a que a companhia de aviação pertence vive um momento financeiro muito difícil, depois de ter terminado 2014 com prejuízos de 85,1 milhões de euros, capitais próprios negativos em mais de 500 milhões e uma dívida que ultrapassa os 1000 milhões. Mas não será um desafio que terá de enfrentar sozinho, já que o consórcio que integra é liderado por David Neeleman, dono da brasileira Azul e da low cost norte-americana Jetblue.

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Se entrar na TAP, não irá encontrar uma empresa muito diferente daquelas em que se orgulha de ter apostado no passado, já que o grupo a que a companhia de aviação pertence vive um momento financeiro muito difícil, depois de ter terminado 2014 com prejuízos de 85,1 milhões de euros, capitais próprios negativos em mais de 500 milhões e uma dívida que ultrapassa os 1000 milhões. Mas não será um desafio que terá de enfrentar sozinho, já que o consórcio que integra é liderado por David Neeleman, dono da brasileira Azul e da low cost norte-americana Jetblue.

Mas ainda está por explicar o que levou Humberto Pedrosa a juntar-se a este empresário norte-americano nascido no Brasil. Neeleman precisa dele, já que as regras limitam a entrada de investidores não-europeus em companhias de aviação do espaço comunitário (embora esta aliança não resolva totalmente o problema). E o dono da Barraqueiro, que inicialmente surgiu ao lado de outro candidato – o português Miguel Pais do Amaral – poderá ter retirado uma vantagem destas limitações, embora se desconheça que participação vai ter no consórcio.

Muito discreto, o dono da Barraqueiro tem recusado falar sobre a decisão. E o dono da Azul também se tem fechado em copas sobre a identidade de outros aliados que possa ter reunido, apesar de ser natural que o agrupamento que lidera conte com mais investidores. A proposta que fizeram pela TAP irá concorrer com outras duas: além da oferta de Pais do Amaral, a companhia está ainda a ser disputada por Germán Efromovich, que regressou depois de a primeira tentativa de compra ter fracassado em 2012, com a rejeição da sua proposta pelo Governo.

No próximo mês, quando for escolhido o vencedor desta privatização, saber-se-á se Humberto Pedrosa passa ou não a ser accionista da empresa. Será um passo de gigante, num sector que nunca o testou, mas o investimento dará continuidade a um verdadeiro império nos transportes, que começou a construir há quase 50 anos e que hoje se move nas rodas do grupo Barraqueiro, que controla em 68,5% (partilhando o capital com a britânica Arriva).

Nascido na Asseiceira Pequena, em Mafra, em Outubro de 1947, Humberto Pedrosa pegou pela primeira vez nos lemes de uma empresa aos 20 anos, quando o pai lhe confiou a Joaquim Jerónimo, que, com 11 autocarros, fazia o transporte de passageiros no eixo Torres Vedras-Lisboa. É esta a origem do grupo Barraqueiro, cujo nome vem da alcunha dos seus fundadores, que durante uma fase da sua vida foram feirantes na Malveira.

O empresário começou a alargar o leque de investimentos pouco tempo depois, comprando empresas do sector dos transportes e do turismo. Escapou às nacionalizações por detalhes técnicos, já que as regras impunham que fossem abrangidas as dez maiores companhias com 100 autocarros e, na altura, era o 11º e tinha 80 viaturas. Foi nos anos 90 que deu o grande salto, com as aquisições que conseguiu fazer durante o processo de reprivatização da antiga Rodoviária Nacional. Ainda no final dessa década, atalhou caminho pela ferrovia, quando ganhou a concessão da Travessia Ferroviária do Tejo, explorada pela Fertagus, que integra o seu grupo. O investimento no metropolitano chegaria na viragem do milénio, com a construção e exploração do Metro Sul do Tejo, consolidando-se em 2010 com o Metro do Porto. A expansão internacional veio em 2011, com a entrada no Brasil, onde tem uma parceria no transporte rodoviário de passageiros em Manaus, e em Angola, com uma empresa de transporte de combustíveis em Luanda.

No ano passado, o grupo – que agrega 30 empresas, emprega 5400 pessoas e tem uma frota de 3200 veículos – gerou uma facturação de 370 milhões de euros e lucros de 2,3 milhões. No conselho de administração tem assento um dos filhos de Humberto Pedrosa, David.