Rapaz atacado em autocarro escolar diz ser agredido por colegas há meses
Caso passou-se em Leiria e vai ser dado a conhecer ao Tribunal de Família e Menores e à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens.
Na quinta-feira, a escassas duas semanas e meia dos exames, fizeram-lhe pior do que nunca: prenderam-lhe a cabeça para lhe darem socos e murros, enquanto o autocarro fretado pelo Colégio dos Milagres, que todos frequentam, seguia o seu percurso como se nada fosse.
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Na quinta-feira, a escassas duas semanas e meia dos exames, fizeram-lhe pior do que nunca: prenderam-lhe a cabeça para lhe darem socos e murros, enquanto o autocarro fretado pelo Colégio dos Milagres, que todos frequentam, seguia o seu percurso como se nada fosse.
O jovem conta como foi atirado ao chão a certa altura, depois de terem arremessado pelo ar uma escultura que tinha feito na aula de Educação Visual: “Comecei a sangrar do nariz, caí no chão”. Só nessa altura, relata, é que o motorista parou de conduzir para o auxiliar: “Agarrou-me e pôs-me no assento”. Parou à porta de sua casa, como habitualmente, e agarrou-o pela mochila enquanto descia cambaleante, com a ajuda de uma colega. “Disse-me para pôr gelo no nariz. Eu ia caindo das escadas abaixo. Desmaiei já na rua e quando acordei havia uma multidão à minha volta”.
Recebeu tratamento hospitalar, não lhe tendo sido detectadas fracturas.
Quem chamou o Instituto Nacional de Emergência Médica foi uma automobilista que estava parada à espera que o autocarro escolar arrancasse, e não o motorista.
Professora de profissão, a mãe diz que não se apercebeu do que se andava a passar logo no início do ano lectivo porque o filho justificava os hematomas e arranhões que lhe apareciam no corpo com tropeções e outros acidentes do género. “Desde o início do ano que andam a bater-me. Eu era para ter contado, mas ameaçaram-me”, assume o jovem, que passou os primeiros tempos na esperança que deixassem de o agredir, como também tinham feito com outros novos colegas. Por fim, queixou-se à progenitora, que foi à escola. “Pararam, mas voltaram ao mesmo no segundo período”. Quando o Colégio dos Milagres castigou os jovens – alguns deles são mais velhos, mas também já foi agredido por colegas do quinto ano – mudaram de local, mas não de atitude. “Começaram a bater-lhe no autocarro”, refere a mãe.
“Chegam ao pé de mim e batem-me. Porquê, não sei”, repete o rapaz, que no ano lectivo anterior frequentava uma escola pública, onde não tinha habitualmente problemas deste género. A tão pouco tempo dos exames a progenitora não equaciona mudá-lo de estabelecimento de ensino senão no ano que vem. Vai arranjar maneira de o fazer chegar à escola de outra forma que não de autocarro. “Já me disseram que ele leva facas e tesouras com ele para se defender, mas é mentira”, assegura. Diz ainda que um dos colegas filmou tudo com o telemóvel, que terá ficado na posse do motorista do autocarro.
"Trata-se de factos alegadamente praticados por menores, sendo a vítima também menor, pelo que não se coloca a questão de apresentação de queixa", explicou fonte da polícia à agência Lusa, acrescentando que a PSP identificou as pessoas que possam vir a testemunhar sobre os factos. O caso será dado a conhecer ao Tribunal de Família e Menores e à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, adiantou a mesma fonte de informação.
Contactada pelo jornal Região de Leiria, a directora do Colégio Senhor dos Milagres, Teresa Sintra, garantiu ter tido apenas conhecimento da situação já na sexta-feira de manhã. “Tomei logo as diligências para tentar averiguar a situação” e “contribuir para o apuramento dos factos e da verdade”, referiu, citada por aquela publicação.