Privatizações influenciam envolvimento com as marcas CP, CTT e TAP
Em 34 países, Portugal é o único em que o sector dos transportes tem mais marcas vistas como importantes.
“É um caso único nos 34 países em que o estudo foi feito, porque, normalmente, aparecem no top a alimentação, o retalho e a electrónica de consumo, ficando os transportes a meio da tabela”, disse ao PÚBLICO Rui Almeida, da Havas Media Group. Além da CP, da TAP e dos CTT (esta última classificada no sector dos transportes por se tratar de um operador logístico), também constam nos primeiros 15 lugares do ranking a Emirates e a Easyjet.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
“É um caso único nos 34 países em que o estudo foi feito, porque, normalmente, aparecem no top a alimentação, o retalho e a electrónica de consumo, ficando os transportes a meio da tabela”, disse ao PÚBLICO Rui Almeida, da Havas Media Group. Além da CP, da TAP e dos CTT (esta última classificada no sector dos transportes por se tratar de um operador logístico), também constam nos primeiros 15 lugares do ranking a Emirates e a Easyjet.
“Este envolvimento emocional por estas marcas [CP, TAP e CTT] explica-se pelo facto de serem de origem nacional, pois estamos numa fase em que valorizamos muito o que é nosso e existe um contexto de alguma perturbação em torno do que vai acontecer”, refere este responsável, aludindo às privatizações. A venda da TAP está na ordem do dia, os CTT foram totalmente privatizados em bolsa no ano passado e, no caso da CP, pelo menos duas das suas afiliadas (CP Carga e EMEF) estão à venda e estão previstas concessões a privados de serviços prestados pela transportadora ferroviária.
Rui Almeida diz que o estudo foi realizado no último trimestre do ano passado e admite que, se hoje, o envolvimento dos portugueses com estas marcas seria ainda maior, porque há um sentimento de perda pelo que é nacional. Excepção talvez para a TAP, acrescenta, porque a greve do sindicato dos pilotos terá alterado a percepção dos portugueses em relação à companhia. “Naquilo que é a experiência com o produto - a capacidade de a empresa corresponder com o serviço - é óbvio que a marca iria ser muito penalizada. Mas, por outro lado, naquilo que tem a ver com a componente pessoal e afectiva e com o lado colectivo e do interesse para a economia nacional, aí até terá ficado mais exacerbado”, refere Rui Almeida, concluindo que a marca continuaria, apesar de tudo, a ocupar um lugar de destaque.
Este estudo foi realizado com base num indicador denominado MBI (Meaningfuil Brand Index), concebido pela consultora. Das marcas analisadas em Portugal, a CP foi a que mais cresceu em MBI de 2013 para 2015 e é também a marca no sector dos transportes com a qual as pessoas registam maior envolvimento, logo seguida dos CTT e da TAP.
A Google, Microsoft e EDP são as marcas que os consumidores declaram que mais contribuem para a sua qualidade de vida. O estudo conclui ainda que a maioria das pessoas não se importaria que 71 das 96 marcas analisadas desaparecessem e acredita que apenas 29 contribuem para a melhoria da sua qualidade de vida e bem-estar.
No ranking dos sectores, o financeiro aparece em último lugar, situação que é comum a todos os países. “É normal”, diz Rui Almeida. “As marcas financeiras portaram-se mal. Aplica-se-lhes a velha história do banqueiro que é alguém que empresta um chapéu de chuva quando está sol e o retira quando está a chover. Nos anos da crise, quando as pessoas mais precisam dos bancos, estes retiram-lhes a casa e o crédito e não ajudam a economia quando ela mais deles precisa”, referiu. Sem referir nomes, o consultor diz que as marcas financeiras óbvias estão no fim da lista das 96 marcas estudadas em Portugal. Já o banco público está bem classificado.