Passos considera que Governo PSD/CDS/PS não teria condições para funcionar
Primeiro-ministro diz que solução a três não é viável.
Contudo, o presidente do PSD não assume nenhuma posição absoluta sobre soluções de Governo: "Em teoria, todos nós não podemos deixar de nos sujeitar ao resultado das eleições, e depois das eleições então veremos o que é que se fará. E eu não vou a este tempo das eleições pôr-me a traçar cenários".
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Contudo, o presidente do PSD não assume nenhuma posição absoluta sobre soluções de Governo: "Em teoria, todos nós não podemos deixar de nos sujeitar ao resultado das eleições, e depois das eleições então veremos o que é que se fará. E eu não vou a este tempo das eleições pôr-me a traçar cenários".
Nesta entrevista, da qual foram fornecidos excertos à agência Lusa, o primeiro-ministro reitera o relato que fez da crise governativa de há dois anos na sua autobiografia autorizada, "Somos o que escolhemos ser", declarando: "Quanto àquilo que se passou no Verão de 2013, a versão que o livro narra e no que narra em discurso directo feito por mim corresponde à verdade".
Esta entrevista será publicada na íntegra na edição desta sexta-feira do jornal semanário Sol.
Ainda relativamente à governação conjunta com o CDS-PP nos últimos quatro anos, Passos Coelho diz que houve "divergências reais" e que "não foi fácil ultrapassá-las" e traça diferenças entre os papéis desempenhados por cada um dos partidos: "Uma vez que as coisas correram bem, também o PSD pode dizer que, no essencial, as coisas resultaram porque o PSD não se importou muitas vezes de ser visto pelas pessoas como o mau da fita".
No que respeita às legislativas, questionado sobre o cenário de um Governo a três, com PSD, CDS-PP e PS, responde: "O que vai estar em jogo nas próximas eleições é saber se damos maioria ao atual Governo, ou se damos maioria ao PS, e eu espero que uma destas coisas aconteça. Espero, evidentemente, que este Governo possa ter uma maioria".
O primeiro-ministro justifica esta posição afirmando: "Porque não me parece que haja, no actual contexto, nenhuma ideia de que um Governo juntando CDS, PSD e PS pudesse sequer funcionar".
Passos Coelho acrescenta que "todos os sinais" que existem hoje indicam que uma solução dessas "não tem nenhumas condições para funcionar", e salienta as diferenças em termos de política económica: "O programa económico é divergente, o modelo económico é diferente".
"A forma como o PS - e já vão em duas lideranças - vem colocando o problema político e económico mantém o mesmo perfil e não é conciliável com os objetivos que temos, quer com as regras europeias, quer com o que tem sido o esforço de modernização e de reforma estrutural da sociedade portuguesa", completa.
Passos Coelho declara ter "uma visão muito positiva" do mandato de Carlos Costa à frente do Banco de Portugal e considera que "no caso do BES o país lhe deve o facto de ele não ter fingido que não via o que se estava a passar e de ter intervindo de forma a salvaguardar a estabilidade financeira".
Depois, menciona que "o governador tem uma equipa bastante vasta" e dirige um elogio particular a Carlos Costa: "Acho que lhe devemos muito concretamente a ele, à sua intervenção, ao seu nível de consciência ter feito as perguntas que era preciso fazer, ter mandato as cartas que era preciso mandar, e que não era habitual fazer-se no Banco de Portugal".