EDP Renováveis investe 600 milhões nos Estados Unidos

O objectivo é fazer crescer a capacidade de produção em parques na Califórnia, Kansas e Oklahoma.

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Parques eólicos decisivos para classificação das empresas ibéricas Paulo Pimenta

O mercado norte-americano, que continuará a ser o principal motor de crescimento da empresa nos próximos anos, gerou no ano passado um resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) de 479 milhões de dólares. Um número 11,5 vezes superior ao resultado gerado em 2007, quando a EDP entrou neste mercado, e que marca uma trajectória de sucesso, afirmou ontem o presidente do grupo EDP, António Mexia, num encontro com jornalistas portugueses em Houston.

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O mercado norte-americano, que continuará a ser o principal motor de crescimento da empresa nos próximos anos, gerou no ano passado um resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) de 479 milhões de dólares. Um número 11,5 vezes superior ao resultado gerado em 2007, quando a EDP entrou neste mercado, e que marca uma trajectória de sucesso, afirmou ontem o presidente do grupo EDP, António Mexia, num encontro com jornalistas portugueses em Houston.

“Se não tivéssemos vindo para os Estados Unidos, provavelmente não teríamos feito o IPO [dispersão de capital em bolsa] da Renováveis, se não tivéssemos vindo para os Estados Unidos não teríamos capacidade de crescimento”, disse Mexia num encontro na sede da EDP Renewables North America (EDPRNA). Hoje a empresa tem 37 parques nos Estados Unidos, incluindo um solar, com uma potência instalada de 3,9 GW e outros 399 MW em construção, destacando-se como a terceira empresa do mercado.

Os Estados Unidos estão no centro da estratégia da EDP Renováveis e assim deverão continuar num futuro próximo. Enquanto na Europa (e em particular em Espanha), se têm vindo a alterar as políticas de incentivos às renováveis, nos Estados Unidos a legislação tem permitido que a empresa beneficie de créditos fiscais à produção e ao investimento em novos projectos (na prática permite por exemplo que uma parte dos investimentos, que pode chegar aos 30%, seja financiada pelo Governo a fundo perdido, sem que vá à tarifa dos consumidores). E ainda que esses instrumentos possam vir a acabar em 2017, como é expectável, há novas medidas legislativas que virão “dar uma dinâmica de crescimento fortíssima às renováveis” no mercado norte-americano, acredita o presidente executivo da EDP Renováveis, João Manso Neto.

Na calha estão diversas medidas que visam diminuir as emissões de carbono em 30% até 2030 (face aos níveis de 2005), e que obrigarão ao encerramento de várias centrais a carvão por todo o país. Os diversos Estados ver-se-ão forçados a instalar nova capacidade de produção mais limpa para cumprir metas ambientais. “Aqui, as renováveis e o [shale] gás vão ter um papel fundamental”, sublinhou o director executivo da EDPRNA, Gabriel Alonso. E garantindo que os avanços tecnológicos têm permitido que a eólica seja cada vez mais competitiva com o shale gas nos sítios com mais vento, os responsáveis da EDP R lembraram que a empresa continua a ter mais uma vantagem face ao gás. Enquanto o preço desta fonte energética estará sempre correlacionado com o do petróleo, o preço fixo da eólica (na celebração dos contratos de longo prazo) garante aos reguladores do mercado a estabilidade que procuram quando definem contratos e remunerações.

Isso vai obrigar a empresa a fazer escolhas e delinear uma estratégia, reconheceu Manso Neto: “Há uma oportunidade de negócio e temos de ver como a vamos financiar, e não é com dívida”. O CEO da EDP Renováveis garantiu que “a capacidade de fogo [da Renováveis] é grande”  e notou que a empresa já conseguiu gerar com as suas operações cerca de 400 milhões de euros de cash e que este valor deverá andar próximo de 600 milhões em 2017. Entre isto e o plano de rotação de activos em curso (que passa pela venda de posições minoritárias em parques eólicos, com o qual a empresa espera obter cerca de 700 milhões de euros), “a capacidade de autofinanciamento da Renováveis já não é uma coisinha”, diz o gestor.

No mercado norte-americano, onde a empresa tem a maioria do seu negócio assegurada pelos chamados PPA, os contratos de venda de energia de longo prazo (o que significa que apenas uma pequena parte da produção está exposta ao mercado grossista de electricidade), o crescimento continua a assegurar-se por essa via. A empresa “é líder na assinatura de novos PPA” tendo angariado no passado 1,4 GW com contratos para projectos a entrar em funcionamento este ano e nos próximos dois na Califórnia, Texas, Nova Iorque, Maine, Oklahoma e Kansas.