Obstáculos a caminho e no regresso da Líbia
O plano de Juncker e de Mogherini para conter as redes de imigração terá de passar por três obstáculos.
São duas formas de atacar o problema; uma na origem e outra à chegada. É assim que o plano de Juncker pretende travar a tragédia dos milhares de migrantes que todos os dias se aventuram em embarcações frágeis no Mediterrâneo para tentar chegar à Europa, na maioria usando a Líbia como porto de embarque. Este ano estima-se que já tenham morrido já mais de 1600 pessoas, quase tantos como os 1750 que perderam a vida no ano passado.
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São duas formas de atacar o problema; uma na origem e outra à chegada. É assim que o plano de Juncker pretende travar a tragédia dos milhares de migrantes que todos os dias se aventuram em embarcações frágeis no Mediterrâneo para tentar chegar à Europa, na maioria usando a Líbia como porto de embarque. Este ano estima-se que já tenham morrido já mais de 1600 pessoas, quase tantos como os 1750 que perderam a vida no ano passado.
A Comissão Juncker está a ensaiar ideias válidas, mas infelizmente há obstáculos que parecem quase intransponíveis. Federica Mogherini, a alta-representante para a política externa, está por estes dias a bater à porta de todos os países do Conselho de Segurança da ONU, mas já se percebeu que a Rússia poderá ser um obstáculo difícil de transpor. Sobretudo depois de o The Guardian ter noticiado que as missões aéreas e marítimas na Líbia para desmantelar as redes de tráfico humano poderão também envolver tropas no terreno.
E aqui avista-se o segundo grande obstáculo que são as próprias milícias e governos (a Líbia tem dois) locais que já vieram dizer que vão ripostar contra qualquer acção militar externa. Isto apesar de Mogherini ter dito que a União quer agir “em parceria” com as autoridades de Trípoli. O problema é que hoje não existe uma autoridade na Líbia.
O terceiro grande obstáculo do plano de Juncker é composto por uma frente de países como a Irlanda, a Hungria, a Eslováquia, a Estónia e com o Reino Unido à cabeça, que já se mostraram desconfortáveis com o sistema de quotas que está em estudo e que prevê a atribuição a cada Estado-membro de um determinado número de pedidos de asilo. São muitos obstáculos que vão testar o nível de coesão do projecto europeu e a capacidade diplomática do bloco para colocar países como a China e Rússia no mesmo barco humanitário.