Cinco abutres encontrados mortos em Miranda do Douro
Ambientalistas reclamam mais medidas para combater casos semelhantes no país.
Os cadáveres foram recolhidos pelo Serviço de Protecção da Natureza da GNR (SEPNA) e enviados para análise. Mas a associação ambientalista Quercus acredita que as mortes tenham sido causadas por envenenamento.
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Os cadáveres foram recolhidos pelo Serviço de Protecção da Natureza da GNR (SEPNA) e enviados para análise. Mas a associação ambientalista Quercus acredita que as mortes tenham sido causadas por envenenamento.
A Quercus afirma que, embora este seja um procedimento proibido por leis nacionais e europeias, o uso de venenos é comum para o extermínio de espécies predadoras da caça e também de animais domésticos. Nos últimos dez anos, foram identificados 1534 casos no país, segundo dados do Programa Antídoto Portugal (PAP), uma plataforma lançada em 2004 para combater a utilização ilegal de venenos em Portugal.
A maior parte das situações envolve animais domésticos, sobretudo cães e gatos. Mas há pelo menos 145 casos com espécies protegidas.
Isto porém é apenas o que é visível, pois ocorrências a este nível são de difícil detecção. “Em zonas do interior do país com milhares de hectares desertos, muitos casos passam despercebidos”, afirma Samuel Infante, membro da Quercus.
Um dos abutres-pretos encontrado foi detectado através de um equipamento GPS, que permite monitorizar a deslocação das aves. Esta é uma medida experimental aplicada no âmbito do projecto Inovação Contra Envenenamentos, financiado com verbas da União Europeia e que decorre em Portugal, Espanha e Grécia. Por cá, envolve as associações Quercus e o Centro de Estudos da Avifauna Ibérica.
Em Portugal existem apenas 9 a 11 casais de abutres-pretos, em comparação a Espanha onde se encontra um total de 1845 casais, segundo a Quercus.
O Progama Antídoto sugere o uso de cães treinados para detectar venenos e um reforço dos laboratórios públicos, de modo a reduzir o número de animais mortos por envenenamento.
Segundo uma nota do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia enviada ao PÚBLICO, o Ministério Público "aguarda resultados da necropsia e análises, para a constituição de processo crime, ou arquivamento" no caso das aves encontradas mortas.
Em Março passado, um dos linces-ibéricos libertados em Mértola, num programa para reintroduzir esta espécie em Portugal, morreu vítima de envenamento.