Exportações crescem impulsionadas pelo comércio com a UE

Défice da balança comercial caiu 661 milhões no primeiro trimestre.

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As vendas ao estrangeiro subiram 4% entre Janeiro e Março, face ao mesmo período de 2014, de acordo com números divulgados nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Estas transacções totalizaram cerca de 12.170 milhões de euros.

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As vendas ao estrangeiro subiram 4% entre Janeiro e Março, face ao mesmo período de 2014, de acordo com números divulgados nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Estas transacções totalizaram cerca de 12.170 milhões de euros.

Março, o mês mais recente para que há dados, foi um período de aceleração: as exportações cresceram 10,9%, superando largamente o aumento de 3,9% verificado em Fevereiro. Janeiro, pelo contrário, tinha sido um mês de quebra, com uma contracção de 3%.

Este crescimento das exportações assenta numa maior procura por parte dos restantes países da União Europeia, tendência que acompanha a reanimação tépida das economias dos Estados-membros que tem vindo a ser observada nos últimos dois anos.

As exportações para países da UE, que representaram no trimestre uma fatia de 73% do total, cresceram 5,2%. Este valor fica muito acima da evolução observada nas vendas para os mercados fora da União, onde foi registado um crescimento ténue, de apenas 0,8%. No entanto, em Março, as exportações para estes mercados (onde os Estados Unidos assumem uma posição de relevo) aumentaram 11%, reflectindo sobretudo o desempenho da comercialização de gasóleo e gasolina. O sector dos combustíveis e lubrificantes foi, de resto, o que, globalmente, mais cresceu no trimestre, com uma evolução positiva de 8,9%.

Nos últimos três anos, Portugal tem vindo a reduzir a dependência dos mercados europeus, embora estes tenham sempre representado a larga maioria das exportações: entre 2012 e o ano passado, os parceiros na Europa foram o destino de 70% a 71% das exportações anuais. Nos anos anteriores, e recuando até 2008 (o ano em que começou a crise financeira internacional), este valor oscilava entre os 74% e os 75%. Há dez anos, a UE era o mercado para 80% dos bens saídos de Portugal.

Os números do INE mostram ainda que as importações encolheram 1,4% no trimestre passado, para 14.138 milhões de euros, embora tenham crescido 10,1% em Março, depois de dois meses a descer.

Feitas as contas, o comércio internacional nos primeiros três meses significou uma redução de 661,3 milhões de euros no défice da balança comercial. O valor das importações superou em 1968,7 milhões de euros o das exportações.

O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, classificou os números como “um sinal muito animador” e observou, citado pela agência Lusa, que a subida das importações em Março “não significam um problema desde que parte seja para investimento e que o comportamento das exportações seja resiliente".

O caso angolano
As vendas para o exterior da União Europeia foram afectadas negativamente pela descida das exportações para Angola, mercado que nos três primeiros meses deste ano foi ultrapassado pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos.

A diferença é pequena, mas os Estados Unidos são agora o principal cliente de Portugal fora do espaço europeu, em detrimento de Angola. Mesmo assim, se no primeiro trimestre a venda de bens para Angola caiu 23% face a idêntico período de 2014, o mês de Março mostrou uma queda menos agressiva face aos dois meses anteriores. Em termos homólogos a descida foi de 11,6%, e em cadeia houve uma subida de 30% face a Fevereiro.

Afectada pelo baixo preço do petróleo, Angola tem-se defrontado com falta de divisas e de receitas, o que leva mais a dificuldades nos pagamentos, menos importações e cortes nos investimentos planeados. Ainda esta segunda-feira, o Jornal de Angola citava declarações do Governador do Banco Nacional de Angola, José Pedro Morais, afirmando que as autoridades vão “racionar o uso dos dólares até que as receitas de exportação voltem aos carris”.

O saldo com Angola, no entanto, mantém-se positivo, devido precisamente à descida do preço do crude e à redução das compras de petróleo a este país. Em primeiro lugar como abastecedor está agora a Arábia Saudita, seguindo-se depois Angola e o Cazaquistão.