Capital de risco que comprou low cost britânica está na corrida pela TAP

A Greybull é um dos investidores interessados na companhia de aviação. Em 2014, ficou com a Monarch, que sofreu uma reestruturação profunda. Candidatos têm uma semana para apresentar ofertas de compra.

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Prazo para entrega de propostas vinculativas termina a 15 de Maio PÚBLICO/Arquivo

A Greybull faz parte de um lote de três capitais de risco que assinaram o termo de confidencialidade para estudar a aquisição da companhia de aviação nacional, às quais se juntam outros investidores, na maioria ligados à indústria aérea. Do lote das capitais de risco faz ainda parte, como noticiou o Expresso, a norte-americana Apollo Global Management (que comprou a Tranquilidade e está na corrida ao Novo Banco), desconhecendo-se ainda a identidade da terceira.

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A Greybull faz parte de um lote de três capitais de risco que assinaram o termo de confidencialidade para estudar a aquisição da companhia de aviação nacional, às quais se juntam outros investidores, na maioria ligados à indústria aérea. Do lote das capitais de risco faz ainda parte, como noticiou o Expresso, a norte-americana Apollo Global Management (que comprou a Tranquilidade e está na corrida ao Novo Banco), desconhecendo-se ainda a identidade da terceira.

Também assinaram o termo de confidencialidade Gérman Efromovich, dono do grupo de aviação sul-americano Avianca, David Neeleman, que detém a brasileira Azul, e o empresário português Miguel Pais do Amaral, num consórcio que integra o milionário norte-americano Frank Lorenzo e o grupo de logística português Barraqueiro. A companhia de aviação brasileira Gol faz igualmente parte do grupo, embora se não se conheça ainda em que termos.

Mas só no dia 15 de Maio se saberá que candidatos vão realmente avançar com uma oferta de compra, que terá de ser vinculativa, apesar de ainda estar previsto um período posterior de negociação com o Governo. Até agora, é conhecida uma desistência: a dos espanhóis da Globalia, que não chegaram a assinar o acordo de confidencialidade. A intenção do executivo de escolher o vencedor até ao final de Junho mantém-se, muito embora o contrato só deva ser assinado nos meses seguintes, visto que será ainda necessário obter luz verde dos reguladores.

E nem é certo que esta segunda tentativa de privatização, que surgiu depois de a primeira ronda ter fracassado com a rejeição da oferta de Gérman Efromovich, em 2012, seja bem-sucedida. Há ainda muitas variáveis por determinar, nomeadamente se as propostas vão satisfazer o Governo, não tanto ao nível do encaixe (pois já é certo que será quase nulo devido à dívida acumulada pela TAP), mas sobretudo no que diz respeito ao projecto estratégico e reforço financeiro da transportadora aérea.

Apesar das críticas da oposição, o executivo mostra-se irredutível no plano de vender a empresa, que, numa primeira fase, passa pela alienação de 66% do capital. Ainda na quinta-feira, o secretário de Estado do Transportes reagiu às afirmações do secretário-geral do PS, afirmando que mantém a “determinação” de privatizar a TAP. António Costa tinha dito que, se for Governo, tudo fará para “evitar a perda de controlo” da empresa.

Comprar e reestruturar
A informação sobre a Greybull é escassa, não disponibilizando mais do que dois parágrafos no seu site em que se descreve como um investidor “a longo prazo” em sectores a energia, tecnologia, distribuição, indústria e aviação, na Europa e nos Estados Unidos. Mas, à semelhança das suas pares, o que se retira do histórico desta capital de risco é que procura bons negócios em situação financeira difícil para os reestruturar e fazer regressar aos lucros.

A compra da Monarch, em Outubro de 2014, enquadra-se nesta estratégia. A companhia de aviação britânica estava a passar por dificuldades na transição de uma operação charter para o modelo low cost e deparou-se com uma estrutura sobredimensionada para o nível da procura. Nos últimos cinco anos, o seu accionista, a família suíça Mantegazza, tinha já injectado, sem retorno, 155 milhões de euros na empresa.

O negócio que tornou a Greybull dona de 90% do capital da Monarch, depois de ter entrado com quase 170 milhões de euros, pressupôs uma profunda reestruturação que, por acordo com os trabalhadores, levou a cortes de 30% nos salários e à saída voluntária de 700 pessoas. A frota foi reduzida de 42 para 34 aviões e uma das bases aéreas, em East Midlands, foi encerrada.

O investimento da Greybull tinha como condição uma completa revolução da companhia, que deixou os voos charter (hoje concentrados numa subsidiária) e de longo curso, com o objectivo de rivalizar com a Ryanair e a Easyjet.