Village Underground Lisboa: “Continuar a crescer” um ano depois
Mariana Duarte Silva é a criadora do Village Underground Lisboa, que este sábado comemora o primeiro aniversário com uma festa de entrada livre
Quando, em 2009, Mariana voltou de Londres, onde tinha montado o seu próprio escritório no Village Underground de Holywell Lane, Portugal estava submerso na crise que ainda hoje afecta a Europa. Numa conjuntura nada propícia ao investimento, “foi muito difícil falar com pessoas e convencê-las de que um projecto destes faria sentido na nossa cidade”, assumiu Mariana. Só com bastante persistência é que, em 2011, a câmara municipal decidiu investir em Lisboa como cidade criativa e global e impulsionar a criação desta plataforma cultural, à qual se juntou o Museu da Carris que acolhe fisicamente a estrutura.
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Quando, em 2009, Mariana voltou de Londres, onde tinha montado o seu próprio escritório no Village Underground de Holywell Lane, Portugal estava submerso na crise que ainda hoje afecta a Europa. Numa conjuntura nada propícia ao investimento, “foi muito difícil falar com pessoas e convencê-las de que um projecto destes faria sentido na nossa cidade”, assumiu Mariana. Só com bastante persistência é que, em 2011, a câmara municipal decidiu investir em Lisboa como cidade criativa e global e impulsionar a criação desta plataforma cultural, à qual se juntou o Museu da Carris que acolhe fisicamente a estrutura.
“Nunca desistir”, uma espécie de mantra seguido à risca por Mariana Duarte Silva, levou-a a lutar veementemente pela concretização deste projecto. “Sempre tive uma fé enorme de que isto ia resultar, porque a crise levou muitas pessoas a ficar desempregadas”, mas também “a criar soluções criativas e acessíveis para se juntarem e trabalharem”.
É neste sentido que o Village Underground (VU) se destaca, não apenas por ser um palco internacional de promoção artística, mas sobretudo por ser um espaço de “co-working”, algo inovador em Portugal. Para Mariana, aliás, é isso que diferencia os dois projectos: “Aqui estamos mais ligados ao aspecto do trabalho. [Já] o de Londres está mais ligado a eventos, porque lá é reconhecido como um clube, embora também tenha escritórios. Cá, a arquitectura do espaço é distinta, bem como o clima, com o sol fantástico de Lisboa”, afirma com orgulho. A reinvenção do conceito de trabalho torna por isso muito claro o seu objectivo: “O meu papel é criar uma comunidade onde as pessoas interajam e onde se viva o espírito empreendedor. Quero que coisas novas saiam daqui; não quero que as pessoas vejam isto como um espaço para o qual vêm trabalhar, fecham-se no escritório e depois vão-se embora."
O VU Lisboa, para além dos frequentes espectáculos musicais e actividades lúdicas no recinto, iniciou-se recentemente na organização de feiras. Já conta com duas edições do Cargo em parceria com a Feira da Buzina, conceitos diferentes que encaixam na visão recreativa do VU. A realização deste tipo de eventos revela-se incontornável pelo enorme sucesso que tem proporcionado. “Trouxe muita gente aqui à estação [de Santo Amaro] que não sabia sequer que isto existia. Sem dúvida, estas feiras são para continuar”, concluiu Mariana.
É este autêntico laboratório criativo que celebra o primeiro aniversário, este sábado, dia 9 de Maio, com entrada livre para DJ "sets", exposições e “street food”. Em retrospectiva, a mentora do projecto revela estar muito satisfeita com os resultados, apesar das dificuldades. “É preciso que todos percebam que estamos aqui e que há ainda um longo caminho a percorrer para termos mais residentes. Já há casos que são motivo de orgulho e que nos fazem acreditar que estamos num bom caminho, apesar de encontrarmos todos os dias problemas para ultrapassar. Mas isso é normal para quem gere um negócio deste tamanho — é preciso aprender com os erros e continuar a crescer”.