Dia de indecisão no Reino Unido
Derradeiras sondagens mantêm cenário de empate entre conservadores e trabalhistas. Bolsa de Londres abriu em queda.
Mais de 50 mil locais de voto abriram às 7h para dar início às eleições gerais no Reino Unido. O panorama de imprevisibilidade mantém-se. As sondagens apontam para um empate técnico entre conservadores e trabalhistas, ambos bem longe de conseguirem uma maioria estável em Westminster para que possam governar sozinhos.
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Mais de 50 mil locais de voto abriram às 7h para dar início às eleições gerais no Reino Unido. O panorama de imprevisibilidade mantém-se. As sondagens apontam para um empate técnico entre conservadores e trabalhistas, ambos bem longe de conseguirem uma maioria estável em Westminster para que possam governar sozinhos.
Segundo as projecções do The Guardian, os dois principais partidos devem conseguir o mesmo número de lugares no parlamento: 273. O Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla inglesa) será a terceira força mais representada, com a eleição de 52 deputados – os nacionalistas apresentam-se apenas nos 59 círculos eleitorais escoceses.
A mesma tendência de indefinição é evidente na sondagem publicada esta quinta-feira por Lord Ashcroft – um milionário conservador que realiza estudos eleitorais regularmente citados pela imprensa britânica. Conservadores e trabalhistas aparecem ambos com 33% das intenções de voto, seguidos dos anti-europeus do UKIP (Partido da Independência do Reino Unido), com 11%, e dos actuais parceiros de coligação dos tories, os Liberais Democratas, com 10%. O SNP não aparece nos partidos mais votados globalmente, uma vez que apenas concorre aos círculos escoceses.
O sistema maioritário de círculos uninominais (o partido mais votado em cada circunscrição elege o deputado respectivo) permite grandes desvios entre o número de votos e o número de lugares obtidos. Por exemplo, os nacionalistas escoceses podem eleger mais de 50 deputados, obtendo menos de 5% do voto global, enquanto o UKIP, com 10% dos votos não deverá conseguir mais do que três deputados.
Os líderes dos principais partidos decidiram ir às urnas logo às primeiras horas da manhã, mas sem fazerem qualquer declaração aos jornalistas. Embora seja cedo para antecipar números sólidos, os vários correspondentes por todo o Reino Unido perspectivam um sufrágio muito participado – em 2010, a participação eleitoral foi de 65,1%.
A bolsa londrina abriu com uma queda de 0,7%, o ponto mais baixo no último mês. Os analistas referem o receio dos investidores perante o cenário de um parlamento “suspenso” (hung parliament), isto é, em que nenhuma das forças políticas consiga reunir uma maioria para formar Governo.
“Outro Governo de coligação deverá ser o cenário mais provável. Os mercados vão recuar enquanto a incerteza se mantiver quanto à constituição da coligação, mas assim que esteja formada, os mercados devem começar a abrir em alta outra vez”, disse à Reuters o director da Horizon Stockbroking, Kyri Kangellaris.
As primeiras páginas dos principais diários britânicos reflectem o cenário de imprevisibilidade quanto ao resultado final das eleições e ao possível novo Governo. O Guardian coloca os dois líderes, David Cameron e Ed Miliband, frente a frente sob o título It couldn’t be closer (Não podia ser mais renhido).
O Daily Telegraph optou por uma citação directa do líder conservador: “Não façam nada de que se arrependam”, alertando para a possibilidade de o voto de protesto poder levar o Labour ao poder.
Well hung escreve em letras garrafais o The Sun, que aproveita para fazer um apelo directo aos eleitores: “Vote hoje para impedir que os trabalhistas estraguem a Grã-Bretanha”. A mesma toada é seguida pelo Daily Mail: “Com um em cada quatro ainda indecisos, utilize o seu guia para o voto táctico para deixar de fora o Ed Vermelho [Red Ed]”.
Com um profundo cenário de incerteza, o Daily Star deixa um apelo diferente aos seus leitores: “Esqueçam as urnas… aqui está a festa dos partidos [party party]”, é a manchete, acompanhada de fotos dos líderes partidários a beberem canecas de cerveja.