Francis Ford Coppola distinguido com o Prémio Princesa das Astúrias das Artes

Autor de O Padrinho foi considerado "um renovador temático e formal", cujos filmes se tornaram “ícones colectivos e universais do imaginário e da cultura contemporâneos”.

Foto
Francis Ford Coppola fotografado em 2009 em Lisboa, aquando da sua vinda ao Estoril Film Festival Nuno Ferreira Santos

O júri da 35ª edição deste galardão, presidido pelo empresário e político José Lladóy Fernández-Urrutia, justifica a atribuição do prémio ao realizador de Apocalipse Now considerando-o "um narrador excepcional”, que ocupa “um lugar proeminente na História do Cinema”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O júri da 35ª edição deste galardão, presidido pelo empresário e político José Lladóy Fernández-Urrutia, justifica a atribuição do prémio ao realizador de Apocalipse Now considerando-o "um narrador excepcional”, que ocupa “um lugar proeminente na História do Cinema”.

A acta do júri acrescenta que a carreira de Coppola “tem sido uma luta contínua por manter a total independência empreendedora e criativa em todas as vertentes desenvolvidas como realizador, produtor e argumentista”.

O aclamado autor da saga O Padrinho – uma figura cimeira dos chamados movie brats, a geração que reinventou o cinema norte-americano nos anos 1970 – realizou já mais de três dezenas de filmes, escreveu quase outros tantos e produziu mais de sete dezenas, a maioria deles com a chancela da sua American Zoetrope, que fundou em 1969.

“A figura de Francis Ford Coppola é imprescindível para perceber a transformação e as contradições da indústria e da arte cinematográficas, para cujo crescimento ele contribuiu decisivamente”, continua o júri, que classifica ainda o autor de Do Fundo do Coração como um “renovador temático e formal”, cujos filmes exploraram a natureza do poder e “os horrores e o absurdo da guerra”, tornando-se “ícones colectivos e universais do imaginário e da cultura contemporâneos”.

O Prémio Princesa das Astúrias das Artes – o primeiro de uma série de oito, que a Fundação Princesa das Astúrias atribui todos os anos, por esta altura – destina-se, de resto, a distinguir “o trabalho científico, técnico, cultural, social e humanitário realizado por pessoas, instituições, grupos de pessoas ou de instituições no âmbito internacional”.

Numa declaração divulgada esta tarde pela Fundação Princesa das Astúrias, Coppola agradece e manifesta-se "honrado" com a atribuição do prémio. "Aceito, agradecido, enquanto reparo na coincidência de estar a meio da leitura do Dom Quixoete de la Mancha; portanto, citando as palavras de Cervantes, o destino guia as nossas venturas mais favoravelmente do que aquilo que poderíamos esperar", acrescenta o realizador de Os Marginais.

A candidatura de Coppola foi apresentada por um membro do júri, Fernando Rodriguez Lafuente, professor, crítico de cinema e de literatura, que dirigiu os suplementos culturais do diário espanhol ABC.

À edição deste ano do Prémio Artes foram apresentadas 31 candidaturas de vários países.

Lançado em 1981, com sede em Oviedo, o Prémio Princesa das Astúrias das Artes distinguiu já outros vultos do cinema mundial, desde os realizadores espanhóis Luis Garcia Berlanga e Pedro Almodóvar, e o actor da mesma nacionalidade Fernando Fernán-Gómez, até Woody Allen e Michael Haneke. O último premiado, em 2014, foi o arquitecto norte-americano Frank O. Gehry.

O prémio é constituído por uma escultura de Joan Miró e uma verba de 50 mil euros, além de um diploma e insígnia, que serão entregues aos galardoados no Outono, numa cerimónia sempre presidida pelos reis de Espanha.
 

Notícia actualizada com a reacção de Francis Ford Coppola.