Dois nomes controversos juntam-se à corrida republicana pela Casa Branca
Um neurocirurgião famoso e a ex-presidente-executiva da HP lançaram-se como candidatos republicanos à presidência. Podem não ganhar, mas os seus discursos inflamados vão marcar as primárias.
Nenhum dos dois tem qualquer experiência em cargos públicos. Ben Carson, aliás, nunca se candidatou a nenhum. Já Carly Fiorina tem apenas a experiência falhada de uma candidatura ao Senado em 2010, no estado da Califórnia – perdeu com 42,2% contra os 52,2% da sua rival democrata.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Nenhum dos dois tem qualquer experiência em cargos públicos. Ben Carson, aliás, nunca se candidatou a nenhum. Já Carly Fiorina tem apenas a experiência falhada de uma candidatura ao Senado em 2010, no estado da Califórnia – perdeu com 42,2% contra os 52,2% da sua rival democrata.
Mas são ambos anti-sistema e vão os dois jogar ao ataque, como escreve o Washington Post.
Carson saltou para a atenção do público em 2013, no Pequeno-Almoço de Oração, um evento anual nos EUA. O famoso neurocirurgião reformado atacou aquilo que entende ser a degradação dos valores morais nos EUA e discursou contra o programa de saúde de Barack Obama quando este estava sentado a poucos metros de distância. O discurso, no estilo pouco politicamente correcto de Carson, foi aplaudido por vários sectores nos EUA – destaque para a crítica que o diário Washington Post escreveu no dia seguinte.
Carly Fiorina, por sua vez, foi motivo de chacota na sua campanha pelo Senado em 2010 pelos vídeos de ataque que criou contra a sua oponente, Barbara Boxer. E, nesta recta inicial, o alvo de Fiorina focou-se em Hillary Clinton.
A principal arma de Fiorina, os seus seis anos como presidente-executiva da Hewlett Packard (HP), está já a revelar-se como um dos seus pontos mais fracos. Nesta segunda-feira, Fiorina tentou assegurar o domínio na Internet carlyfiorina.org para a sua candidatura, mas não foi capaz. Em vez da sua página oficial, este domínio tornou-se numa dura crítica aos 30 mil despedimentos que Fiorina levou a cabo enquanto presidente da empresa de material informático.
Ambas as candidaturas podem tornar-se em “duas novas vozes poderosas na corrida” à presidência, como escreve o Washington Post. Mas é improvável que Carson e Fiorina se venham a tornar dois elementos fortes no Partido Republicano.
Apesar de a história de sucesso de Carson apelar aos “conservadores de raiz”, como escreve a revista The Atlantic, a sua falta de experiência e os seus reincidentes comentários polémicos fazem com que a sua candidatura não seja encarada com seriedade.
De acordo com o New York Times, Carson é "um novato político com um historial de comentários inflamados, falta-lhe apelo generalizado e provavelmente terá dificuldades em conseguir dinheiro suficiente para ser competitivo”. No início do ano, Carson comparou os combatentes do autoproclamado Estado Islâmico com os fundadores dos Estados Unidos.
O consenso parece ser o de que Ben Carson e Carly Fiorina decidiram entrar na corrida presidencial republicana para se tornarem duas vozes conservadoras populares nos Estados Unidos — mais do que para serem candidatos reais à presidência.
Afinal de contas, ambos lançaram as candidaturas com a promessa de que não são políticos de cartilha. “Não sou um político”, afirmou nesta segunda-feira Bem Carson diante de um auditório de espectadores, em Detroit. “Os nossos fundadores nunca pretenderam que houvesse uma classe política”, disse por sua vez Fiorina no seu vídeo de apresentação, ao desligar a televisão em que assistia ao vídeo de candidatura de Hillary.
“A sua candidatura é um exemplo de como uma corrida à presidência pode por vezes servir como um trampolim para ex-políticos e líderes empresariais que vão atrás de perfis mais notórios”, escreve sobre Fiorina o New York Times.
Ben Carson está em melhor posição do que Fiorina nas sondagens de opinião dos eleitores republicanos: 4,8% contra 1%. Em todo o caso, são ambos dois candidatos anti-sistema que parecem não ter verdadeiramente hipóteses de ser o candidato republicano à Casa Branca.
“A parte difícil, tanto para Carson como Fiorina, será quando quiserem ser mais do que uma voz na corrida”, escreve o Washington Post.