Um sistema eleitoral “disfuncional”
A escolha dos deputados é feita através do sistema uninominal maioritário. O território está dividido em 650 círculos eleitorais, cada um deles com uma média de 70 mil eleitores. Cada círculo elege um deputado para a Câmara dos Comuns, que é o órgão legislativo.
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A escolha dos deputados é feita através do sistema uninominal maioritário. O território está dividido em 650 círculos eleitorais, cada um deles com uma média de 70 mil eleitores. Cada círculo elege um deputado para a Câmara dos Comuns, que é o órgão legislativo.
A outra câmara, dos Lordes, não é eleita. Mas tem um papel consultivo e combativo na promoção e redacção da legislação – é, agora, composta por especialistas nomeados pelo governo pelo seu mérito. Não tem, porém, qualquer direito de veto.
O sistema “só um cruza a meta” tem favorecido os grandes partidos, mais bem implantados no terreno eleitoral e com mais meios financeiros para as campanhas, que este sistema torna muito pessoais – os candidatos batem literalmente à porta dos eleitores para se darem a conhecer e às ideias do seu partido, mas também para se comprometerem a melhorar a vida das zonas que os elegem.
Não há limite de mandatos e, no passado, quando trabalhistas e conservadores dominavam, ser eleito deputado podia significar ter emprego para o resto da vida.
Há cinco anos, quando pela primeira vez desde 1974 um partido não conseguiu maioria (326 deputados), o debate sobre a manutenção deste sistema eleitoral cresceu. Alguns deputados, partidos e analistas disseram que existia o risco de o Parlamento deixar de ser representativo da realidade do país. Um partido pode ter 30% dos votos nacionais, mas não conseguir ganhar muitos círculos eleitorais e, por isso, ter poucos deputados.
Há quatro anos, por iniciativa de Nick Clegg, o vice-primeiro-ministro liberal-democrata, foi feito um referendo ao sistema eleitoral. Ganhou a proposta para ficar igual – questionado sobre o interesse do partido e o seu próprio interesse, o povo vincou que prefere esta política de proximidade.
“De momento, ninguém está a falar de mudança, mas claro que os partidos mais pequenos gostariam de ver feita essa reforma pois beneficiariam dela”, diz o analista político Akash Paun, para quem estas eleições podem fabricar um Parlamento “mais desproporcional e mais estranho do que no passado”. “Podemos ver o UKIP ter muitos votos e poucos lugares, podemos ver o Partido Nacional Escocês [SPN] ter muitos lugares com uma pequena parcela do voto geral”, devido ao número de lugares reservados à Escócia em Westminster, que tem representantes de todos os territórios da união.
“Tudo isto leva muita gente a dizer que o sistema eleitoral é disfuncional e, depois de 7 de Maio, pode voltar a ver-se alguma pressão para uma reforma”, diz Paun.