Resgates “miraculosos” são momentos raros de alegria no Nepal
Número de mortos já chegou aos 5500 e milhões de nepaleses necessitam de ajuda humanitária urgente. A situação no país é alarmante e as probabilidades de resgatar pessoas com vida no meio dos escombros são cada vez menores.
O sismo de magnitude 7,8 que atingiu o Nepal deixou destruídas cerca de 70 mil habitações e danificou outras 530 mil, segundo um relatório das Nações Unidas, apresentado na quarta-feira. Milhares de pessoas poderão estar ainda presas debaixo dos escombros dos edifícios destruídos e a esperança de as resgatar com vida vai diminuindo à medida que os dias passam.
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O sismo de magnitude 7,8 que atingiu o Nepal deixou destruídas cerca de 70 mil habitações e danificou outras 530 mil, segundo um relatório das Nações Unidas, apresentado na quarta-feira. Milhares de pessoas poderão estar ainda presas debaixo dos escombros dos edifícios destruídos e a esperança de as resgatar com vida vai diminuindo à medida que os dias passam.
Nesta quinta-feira foram resgatadas, em Katmandu, duas pessoas que estiveram soterradas durante cinco dias, nos destroços de edifícios que ruíram. Pemba Lama, de 15 anos, e Krishna, de 30. Também em Muldhoka já tinha acontecido um “milagre”. Somit Awal, um bebé de apenas quatro meses, saiu ileso depois de 22 horas debaixo do entulho. Estas e outras situações são momentos raros de alegria e esperança, num país que está de rastos e cujas populações lutam diariamente pela sobrevivência, enfrentando um cenário de autêntica devastação.
O número de mortos irá seguramente aumentar nos próximos dias e os hospitais estão sobrelotados, tendo o número de feridos atingido os 11.500. A ONU estima que cerca de 1,7 milhões de crianças nepalesas necessitem urgentemente de medicamentos e alimentos. A organização aponta o valor de 415 milhões de dólares como o número mínimo para a garantia da assistência humanitária básica imediata e indispensável.
Aldeias isoladas ainda “à espera”
Várias aldeias na zona montanhosa do Nepal ainda não receberam qualquer ajuda, estando dependentes dos meios aéreos, uma vez que o deslizamento de terras provocado pelo sismo destruiu grande parte dos acessos rodoviários. Muitas destas casas estão situadas perto da zona onde o terramoto teve o seu epicentro, entre Pokhara e Katmandu.
O Governo do Nepal, alvo de críticas e protestos pela sua fraca capacidade de resposta ao lidar com a catástrofe, disponibilizou 20 helicópteros para o resgate das populações das zonas rurais isoladas, mas já pediu à comunidade internacional, nomeadamente à China, que disponibilizasse mais meios aéreos para apoiar as equipas de socorro.
À falta de meios, acrescem ainda as previsões de chuva para os próximos meses, que ameaçam não só as operações aéreas de salvamento nestes locais, mas também os milhões de desalojados que estão acampados ao ar livre um pouco por todo o país.
Nas aldeias, as operações de resgate estão a ser feitas através da cooperação e entreajuda dos próprios habitantes. “Estamos a fazer tudo por nossa conta”, conta um professor de uma escola da aldeia de Ashrang, Mohammad Ishaq, citado pela agência Reuters. Robin Rijal disse à CNN que ele e um grupo de amigos se deslocaram nas suas motas, numa distância de mais de nove horas, para levar mantimentos a várias aldeias "inacessíveis", quando “ouviram que as pessoas precisavam de ajuda”. Perto da região onde teve lugar o epicentro do sismo, uma organização de parapente local montou uma “clínica médica improvisada” para dar apoio aos feridos.