Metro de Lisboa com níveis de ruído prejudiciais à saúde
Estudo da Quercus aponta como mais problemáticos os troços Cais do Sodré–Rossio, Cidade Universitária–Entrecampos, Senhor Roubado–Ameixoeira, Chelas–Oriente, e Pontinha–Carnide.
As medições, realizadas entre Agosto e Setembro do ano passado nas quatro linhas do metro, registaram em todos os percursos um nível médio de ruído superior a 80 decibéis (dB) – sendo que a partir dos 70 ou 75 dB o corpo humano começa a reagir ao ruído, seja de forma física, mental ou emocional. Crianças, idosos e os trabalhadores daquele meio de transporte são os principais grupos de risco.
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As medições, realizadas entre Agosto e Setembro do ano passado nas quatro linhas do metro, registaram em todos os percursos um nível médio de ruído superior a 80 decibéis (dB) – sendo que a partir dos 70 ou 75 dB o corpo humano começa a reagir ao ruído, seja de forma física, mental ou emocional. Crianças, idosos e os trabalhadores daquele meio de transporte são os principais grupos de risco.
Em comunicado, a Quercus indica que os troços mais problemáticos são Cais do Sodré–Rossio, Cidade Universitária–Entrecampos, Senhor Roubado–Ameixoeira, Chelas–Oriente, e Pontinha–Carnide, nos quais o valor ultrapassou na maioria dos casos os 85 dB. “No troço mais recente da rede – entre as estações do Oriente e do Aeroporto – foram registados níveis sonoros médios superiores a 84 dB em todas as medições”, lê-se na nota. Para a Quercus, a idade das carruagens do Metro de Lisboa – as mais recentes têm 15 anos – é “um factor a não menosprezar”.
A associação considera que “a ausência de legislação nacional e comunitária sobre os limites de ruído a que os utentes dos transportes colectivos deveriam estar expostos” é “uma falha relevante em termos de saúde pública e ocupacional”. Os efeitos são múltiplos e muitas vezes as pessoas não os associam ao ruído a que estão expostas: zumbidos nos ouvidos; aumento da produção de adrenalina, da pressão arterial e do ritmo cardíaco; cansaço; agressividade e irritabilidade.
Os ambientalistas ressalvam que os níveis medidos “não ultrapassam os limites recomendados pela NIOSH [sigla em inglês para Instituto Nacional para a Saúde e Segurança Ocupacional] e pela OSHA [Administração para a Saúde e Segurança Ocupacional]”, mas “em nenhuma das medições efectuadas o ruído no interior das carruagens cumpre o nível médio estabelecido de Leq. [nível sonoro equivalente] de 75 dB por percurso do New York City Noise Code”, o código de ruído da cidade de Nova Iorque (EUA).
O estudo da Quercus surge um dia após a aprovação pela Câmara de Lisboa do Plano de Acção do Ruído, tornando-se o primeiro município do país a ter este documento obrigatório por lei, ainda que esteja atrasado sete anos. O plano prevê o investimento de nove milhões de euros nos próximos 15 anos em intervenções destinadas diminuir o tráfego, reduzir a velocidade dos automóveis, colocar pavimentos menos ruidosos, criar "zonas tranquilas" e mais espaços verdes em 29 zonas da cidade.
A proposta, apresentada pelo vereador da Estrutura Verde, José Sá Fernandes, foi aprovado na reunião de câmara desta quarta-feira com a abstenção do PSD e do CDS-PP (o PCP votou favoravelmente mas apresentou uma declaração de voto).