Uma “app” que acaba com o desperdício de água na agricultura

A apicação “Agrosmart” foi criada por uma estudante brasileira para diminuir o desperdício de água na actividade agrícola

Foto
DR

70% da água de todo o mundo é utilizada para irrigação na agricultura, de acordo com a ONU. No processo, 50% dessa água acaba por ser desperdiçada. Os motivos? Os agricultores não rentabilizam este recurso da melhor forma.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

70% da água de todo o mundo é utilizada para irrigação na agricultura, de acordo com a ONU. No processo, 50% dessa água acaba por ser desperdiçada. Os motivos? Os agricultores não rentabilizam este recurso da melhor forma.

Mariana Vasconcelos viu uma solução para este problema: uma aplicação que promete pôr fim ao desperdício de água na actividade agricola. Como? O “Agrosmart” utiliza sensores espalhados pelo campo que avaliam a humidade do solo e a presença de pragas, por exemplo. Os dados são depois interpretados pela “app” que indica ao agricultor, em tempo real, os intervalos de irrigação e outro tipo de variáveis.

O protótipo foi desenvolvido na quinta do pai e promete tornar as plantações “mais inteligentes” dado que pode proporcionar uma economia da água até 60%:” Por desconhecimento, o agricultor utiliza uma quantidade de água muito acima do necessário”, explica.

Foto

Por exemplo, se o agricultor irrigar o campo à hora errada acaba por perder muita dessa água por evaporação, o que pode prejudicar o crescimento da planta. Noutro caso, se os sensores detectarem que o solo está seco mas se for possível saber se chove nos próximos dias, a irrigação não é actividada.

Foto

Para além da vantagem de poupança de água, a “app” ainda permite que haja aumento da produtividade dado que monitoriza a saúde das plantas e mantém o histórico dos dados da produção. Assim, é possível criar as condições ideias de desenvolvimento das plantas ao mesmo tempo que se economiza água no processo.

Para ser possível usar este sistema, o agricultor tem acesso “online” à aplicação que exibe todos os dados necessários à manutenção e desenvolvimento da sua actividade agrícola.

Com apenas 23 anos, este projecto fez com que Mariana fosse seleccionada entre mais de 500 pessoas para representar o Brasil na Singularity University (SU) – um centro de pesquisa localizado no Silicon Valley, na Califórnia.

Como ela, mais 18 empreendedores provenientes de diferentes países foram nomeados venecedores do programa “Call to Innovation” – um desafio que propõe o uso de tecnologia para a criação de soluções inovadoras que possam melhorar a vida de milhões de pessoas. Desta vez, a edição focou-se em soluções para a crise da água. 

Assim, projectos que garentem reduzir o consumo de água nos vasos sanitários ou a criação de saneamento com microalgas conseguiram chegar a finalistas, ao lado de Mariana que foi nomeada a grande vencedora no Brasil.

Em Junho, Mariana vai para os EUA com uma bolsa que cobre custos de viagem e alimentação. Quando voltar, tem à sua espera uma pós-graduação na FIAP.

A aplicação, criada no ano passado, está agora a ser testada para que em Maio comece a sua comercialização. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), no Brasil cerca de 70% da água é utilizada na agricultura. Mariana espera ajudar a reduzir esta estatística.