Situação na Ucrânia preocupa parceiros da NATO
Em Outubro, Portugal e Espanha acolhem o maior exercício militar da Aliança Atlântica desde a guerra fria para testar a operacionalidade da nova força militar de intervenção rápida, cuja instalação é disputada por diversos países do Leste.
“Enfrentamos uma situação difícil, a Rússia a usar a força militar, como o fez na Ucrânia, o que requer uma firme e forte resposta da NATO”, disse o dirigente da Aliança Atlântica em conferência de imprensa no final de um breve encontro com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Os desafios da segurança a Leste foram também referidos por Machete: “A NATO tem de ser capaz de responder às diversas ameaças.”
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“Enfrentamos uma situação difícil, a Rússia a usar a força militar, como o fez na Ucrânia, o que requer uma firme e forte resposta da NATO”, disse o dirigente da Aliança Atlântica em conferência de imprensa no final de um breve encontro com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Os desafios da segurança a Leste foram também referidos por Machete: “A NATO tem de ser capaz de responder às diversas ameaças.”
Por diversas vezes, o antigo primeiro-ministro trabalhista da Noruega referiu-se à questão ucraniana. “É importante sublinhar a necessidade de respeitar os acordos de Minsk [assinados na capital da Bileorússia a 5 de Setembro de 2014 pela Ucrânia, Rússia, República Popular de Donetsk e República Popular de Lugansk sob os auspícios da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa e mediação de Berlim, Moscovo e Paris}, mas o problema é que há violações do cessar-fogo e do acordo”, destacou Stoltenberg.
Sanções inevitáveis?
“Apelo a todas as partes para respeitarem o cessar-fogo, insto à retirada de armamento”, lançou. “A Rússia aumentou o apoio aos separatistas com material pesado, tanques, o que possibilita uma nova ofensiva que nos preocupa”, disse explicitamente. O PÚBLICO sabe que, na reunião no Palácio das Necessidades, o secretário-geral da NATO argumentou com a inevitabilidade de aplicação de sanções se a situação se continuar a degradar.
“A presença militar da Rússia está a ser reforçada, pelo que temos o direito de aumentar a nossa presença”, prosseguiu. ”A razão de aumentarmos a presença da NATO no Leste, na Roménia, Polónia, Bulgária e Lituânia é cumprir a nossa responsabilidade, a de defender os nossos aliados”, enfatizou: “Precisamos de uma capacidade dissuasora credível (…) para que ninguém pense ser possível atacar um aliado da Aliança Atlântica sem os outros parceiros responderem, atacar um é atacar todos”. Ao invocar o teor do artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, ficou dada uma clara mensagem ao Kremlin.
“Perante a crise da Ucrânia, há uma NATO coesa”, considerou Rui Machete. “Pode contar com o apoio de Portugal, com o nosso compromisso contínuo e firme, como acontece desde 1956, quando da assinatura do Tratado de Washington”, disse o chefe da diplomacia portuguesa, dirigindo-se ao secretário-geral da Aliança Atlântica.
Pouco depois, Jens Stoltenberg congratulou-se por Portugal enviar um navio de comando e quatro caças F-16 para o leste europeu, e estar, em breve, com tropas no terreno na Lituânia.
Stoltenberg recordou a constituição, na cimeira da Aliança Atlântica de Cardiff, em Setembro passado, de uma força de intervenção rápida, mobilizável em 48 horas. Polónia, Roménia e os três países bálticos – Estónia, Letónia e Lituânia – já manifestaram a sua disposição em acolher este contingente, integrado por forças terrestres, navais e aéreas e por tropas especiais.
O responsável destacou a realização, no próximo Outono, em Portugal e Espanha e com o apoio de Itália, do exercício militar Trident Juncture 2015, o maior da NATO desde a Guerra Fria. Envolvendo 20 mil homens de vários países, decorrerá na zona do Estreito de Gibraltar e tem como objectivo testar as capacidades da força de intervenção rápida.
Mediterrâneo: a tragédia
O agravamento da situação militar na fronteira leste da NATO não foi o único tema debatido. “Há desafios a Sul, no Mediterrâneo e no Médio Oriente que ameaçam a região”, disse Machete referindo-se à penetração e às acções do autoproclamado Estado Islâmico bem como à pressão migratória oriunda do norte de África. “Trata-se de uma enorme tragédia humana, apoio os países da União Europeia na sua intervenção contra o tráfico de seres humanos”, sublinhou o secretário-geral da Aliança Atlântica.
“Nessa questão, há papéis diferentes”, precisou, no entanto: “A União Europeia está a trabalhar na política de imigração, a NATO ajuda a estabilizar a situação, não só em África pois muitos que atravessam o Mediterrâneo são oriundos da Ásia e do Afeganistão.”
Jens Stoltenberg recordou que a sua organização trabalha, no Médio Oriente, com a Jordânia, está disposta a fazer o mesmo na Líbia e assessora, actualmente, o Iraque, um esforço no qual Portugal estará presente através de 30 instrutores militares.