Reeleição de Nazarbaiev criticada por observadores internacionais
Presidente reeleito para um quinto mandato com 97,7% dos votos diz que resultado reflecte “unidade do povo cazaque”.
Concorriam contra Nazarbaiev dois candidatos, mas nenhum pertencia à pequena oposição organizada, que decidiu boicotar as eleições. Ambos eram vistos como candidatos sem visibilidade e que apenas serviram para dar uma aparência de competição eleitoral, por vezes sem sequer esconder o seu apoio a Nazarbaiev.
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Concorriam contra Nazarbaiev dois candidatos, mas nenhum pertencia à pequena oposição organizada, que decidiu boicotar as eleições. Ambos eram vistos como candidatos sem visibilidade e que apenas serviram para dar uma aparência de competição eleitoral, por vezes sem sequer esconder o seu apoio a Nazarbaiev.
Ainda antes das eleições, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) tinha alertado para as diferentes dimensões das campanhas eleitorais – enquanto Nazarbaiev foi quase omnipresente, seja em eventos ou nos vários outdoors, os outros candidatos participaram em poucas acções de campanha.
“O incumbente e o seu partido político dominam a política e há falta de uma oposição credível no país. Aos eleitores não foi oferecida uma escolha genuína entre alternativas políticas”, disse a chefe da missão do Gabinete para as Instituições Democráticas de Direitos Humanos da OSCE, Cornelia Jonker.
O relatório da OSCE reconhecia que os preparativos para as eleições foram “administrados de forma eficiente”, embora tenham sido detectadas “deficiências de procedimento sérias e irregularidades” durante o dia.
O secretário-geral da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), organização supranacional que reúne as antigas repúblicas soviéticas, Sergei Lebedev, referiu que “as eleições foram conduzidas de acordo com as leis locais, foram abertas e transparentes e respeitaram totalmente os princípios democráticos”.
A elevada taxa de participação (95,2%) foi saudada por Nazarbaiev, que disse ser a prova da “unidade do povo cazaque”. No plano de longo prazo que traçou, o “pai da nação” – título que lhe foi concedido oficialmente em 2010 – garantiu a entrada do país no top 30 das economias mais desenvolvidas do mundo.
O acelerado crescimento económico pelo qual o Cazaquistão passou nos últimos anos garantiu-lhe boas relações com o Ocidente. No entanto, várias organizações de defesa dos direitos humanos têm chamado a atenção para os abusos cometidos, com destaque para a repressão policial contra as manifestações de protesto e a muito limitada liberdade de imprensa.
As eleições presidenciais estavam inicialmente marcadas para 2016, mas foram antecipadas por Nazarbaiev para evitar o aprofundamento do descontentamento popular, fruto da crise económica que o país atravessa. A segunda maior economia do antigo espaço soviético deverá ter um crescimento de apenas 1,5% este ano – face a 3,9% em 2014 – e até pode contrair caso o preço do petróleo não recupere nos mercados internacionais.
A vitória de Nazarbaiev permite-lhe chegar às três décadas no poder. Este antigo operário metalúrgico subiu na hierarquia do Partido Comunista da República Cazaque, que presidiu já na fase final da União Soviética. Com a independência, em 1991, Nazarbaiev tornou-se no primeiro Presidente do país, cargo que mantém após sucessivas vitórias eleitorais, com resultados sempre acima dos 80%.