Portugal foi o país da UE com maior peso de investimento chinês em 2014

Os 1839 milhões de investimento directo correspondem a 1% do PIB, colocando o país acima do Reino Unido, Itália e Holanda.

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Expostos de forma simples, os dados avançados pelo presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa, Choi Man Hin (que é também presidente da Estoril-Sol) não mostram o facto mais relevante: que o investimento chinês no ano passado correspondeu a 1,06% do PIB português, ficando bastante acima dos outros países. Aquele que mais se aproxima é a Holanda, com 0,32% do PIB (ver infografia).

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Expostos de forma simples, os dados avançados pelo presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa, Choi Man Hin (que é também presidente da Estoril-Sol) não mostram o facto mais relevante: que o investimento chinês no ano passado correspondeu a 1,06% do PIB português, ficando bastante acima dos outros países. Aquele que mais se aproxima é a Holanda, com 0,32% do PIB (ver infografia).

A maior parte do contributo foi dada pela Fosun, que no espaço de poucos meses passou do anonimato a maior investidor chinês, com a compra da Fidelidade, da ES Saúde e de uma fatia de 5% da REN (dominada pela chinesa State Grid), atirando o valor das aquisições da Fosun para os 2,2 mil milhões de euros. Além disso, há outros pequenos negócios, e os montantes dos vistos gold. Desde o final de 2012 até Março deste ano, os chineses aplicaram, pelo menos, cerca de 910 milhões de euros nos vistos gold (fazendo o cálculo entre o valor mínimo para receber o visto, 500 mil euros, e o número de vistos aprovados). 

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As diferenças entre os dados citados por Choi Man Hin (cuja fonte é o grupo Rhodium, em dólares) e os considerados pelo PÚBLICO devem-se ao facto de nem todos os investimentos virem directamente da China, além de questões cambiais.

A velocidade e intensidade de entrada de capitais chineses na Europa ficou bem atestada por Choi Man Hin (presente na cerimónia de apresentação do site Portuguese Economy Probe em mandarim, na terça-feira) quando referiu que o investimento directo deste país chegou aos 16,5 mil milhões de euros no ano passado, mais 50% do que em 2013. Os principais sectores visados foram a energia, o agro-alimentar, o imobiliário e a agricultura.

A tendência deverá manter-se, ou até mesmo acelerar, como mostra a compra do BES Investimento pela Haitong (cujo desfecho precisa ainda da luz verde dos reguladores), a aquisição da Pirelli em Itália (já este ano) ou o interesse da Fosun e da Hanbang no Novo Banco (dois entre cinco candidatos). Caso a Fosun ou a Hanbang fiquem com o banco intervencionado no Verão do ano passado (a proposta financeira é o requisito mais importante), será o maior negócio de aquisição de uma empresa portuguesa, rondando os 4000 milhões de euros.

Apesar de o seu peso ainda não rivalizar com o de outros países em termos de investimento acumulado, os montantes dos últimos anos e a visibilidade dos negócios têm deixado algumas personalidades em alerta. "Faz-me muita impressão que, num curto espaço de tempo, haja tanto investimento chinês", afirmou recentemente o presidente executivo do BPI, Fernando Ulrich (afastado da corrida ao Novo Banco).

Citado pela Lusa, referiu que se sentia “chocado” por Portugal "ser o porta-aviões da China para entrar na Europa". "Ninguém fica escandalizado que o presidente da Fosun seja membro do comité do Partido Comunista chinês”, acrescentou.

Presente na cerimónia de apresentação do Portuguese Economy Probe (um site destinado a divulgar dados da economia portuguesa no estrangeiro para promover a imagem e investimentos no país), o presidente da Associação Portuguesa de Bancos fez questão de ser mais diplomata, em nome do sector, ao afirmar que não havia nenhuma razão para os candidatos chineses não serem bem recebidos.

Alicerçada numa lógica do Estado chinês de maior internacionalização das suas empresas (a política de “Go global”), ao mesmo tempo que se defrontam com uma forte concorrência no seu mercado interno e procuram novas valências, a investida chinesa ganhou novas oportunidades com a crise do euro e a falta de liquidez das empresas portuguesas (e não só).

Assente em vastas reservas monetárias, o Estado chinês apoia de forma directa ou indirecta as empresas do seu país (sejam elas estatais ou não) para ganharem novos mercados. Só em Portugal, e desde 2011, o valor dos negócios já ultrapassa os 11 mil milhões de euros, valor que pode chegar rapidamente aos 15 mil milhões com a venda do Novo Banco.