Desapareceram mais de mil caixas automáticas Multibanco desde 2011
Encerramento de agências bancárias levou a uma redução das caixas automáticas em 2014, mas desde 2011 que a tendência é para diminuir.
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando
os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que
querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o
mundo, a pensar e decidir.
A verdade faz-nos mais fortes
No relatório e contas de 2014, divulgado esta semana, a SIBS detalha que o “processo de desalavancagem a que os bancos nacionais estiveram sujeitos - quer por via da sua situação financeira e de mercado, quer por imposição dos programas de recapitalização a que alguns recorreram - teve como consequência uma diminuição global no número de agências bancárias, o que impactou negativamente o número de Caixas Automáticos da rede Multibanco”. A redução face a 2013 foi de cerca de 2%.
Por exemplo, no BCP, o maior banco privado português, o número de sucursais em Portugal chegou o ano passado ao valor mais baixo desde 2010. Há em todo o país 695 dependências bancárias, menos 79 do que em 2013 e menos 197 do que há quatro anos.
Contactada, fonte oficial da SIBS - cujos accionistas são os principais bancos nacionais (a Caixa Geral de Depósitos, o BCP, o Santander Totta e o BPI têm cada um mais de 10% de participação) - sublinha que a responsabilidade pela instalação e gestão dos ATM é dos proprietários, ou seja, dos bancos. Por isso, “não caberá à SIBS comentar o número de equipamentos que compõem a rede”. Ainda assim, elucida que a par do encerramento de balcões, a “reorganização do parque de equipamentos” também pode explicar a redução verificada durante o ano passado. A empresa desvaloriza a queda de 9% de caixas Multibanco, dizendo que Portugal ainda é o país europeu com mais ATM por habitante. Contudo, já em 2013 a instituição dava nota de que o número de caixas automáticas estava a cair. Na altura, os motivos apontados eram a maior utilização dos cartões para pagar compras e “também a gradual transferência de operações para outros canais, como o homebanking e débitos directos”. Certo é que, actualmente, há mais ATM disponíveis fora das instituições bancárias. Do parque actual, 52% estão localizadas em supermercados, restaurantes, estabelecimentos comerciais ou gasolineiras (51% em 2013). Os bancos têm 48% das ATM do país (49% no ano anterior).
O relatório da SIBS dá ainda conta que no ano passado houve 66 ataques a ATM, 41 dos quais com recurso a explosão. Em 2013 houve 67 ataques (16 com explosão).
Mais transacções e terminais
Apesar da redução, em 2014 o número de transacções efectuadas cresceu ligeiramente (0,2%) para 894 milhões. E o volume global transaccionado aumentou 8% para quase 60 mil milhões de euros. A maioria das operações feitas nestas estruturas são levantamentos (48%). Os portugueses também usam as ATM para consultar saldos e movimentos (32%) ou pagar serviços e compras (7%).Ao mesmo tempo, e pela primeira vez desde 2010, registou-se um aumento do número de terminais de pagamento automático (TPA) da rede Multibanco, na ordem dos 4%, face a 2013, para um total de 266.283 equipamentos. “A aceleração da actividade económica verificada em 2014, em particular do consumo privado, conjuntamente com uma intensificação do esforço de combate à economia informal (que desincentiva o uso de numerário), criaram as condições para a recuperação do número de Terminais de Pagamento Automático na rede Multibanco e das transacções nestes processadas (+6,8%)”, detalha a empresa agora liderada por Madalena Tomé, no seu relatório e contas.
Os terminais das gasolineiras e supermercados são os que apresentam uma maior média de utilização (registando 12.959 e 13.754 operações, respectivamente). Nestes locais, o valor médio das compras é de 46 euros. Ainda assim, a rubrica que regista um montante médio mais elevado (83 euros) é a que inclui os terminais de instituições financeiras e seguradoras, turismo e actividades recreativas e administração pública.
O relatório da SIBS espelha também uma tendência dos portugueses para usarem cada vez mais o cartão para pagar compras de baixo valor, como portagens e parques de estacionamento: este tipo de operações cresceu 5%.
Já o homebanking (operações bancárias feitas online ou por telefone) ultrapassou os 12,5 mil milhões de euros (mais 1%), ocupando o terceiro lugar em valor transaccionado na rede Multibanco, depois de as caixas automáticas e dos terminais de pagamento. A tendência é para crescer, refere a empresa. O serviço MB Net (para compras online) conseguiu aumentar o número de aderentes na ordem dos 16,5% e, em 2014, as compras com esta ferramenta totalizaram 101,7 milhões de euros.
No total, o valor das transacções efectuadas no universo da SIBS e que inclui desde as caixas Multibanco, terminais ou pagamentos de baixo valor ultrapassou os 109 mil milhões de euros e 2169 milhões de operações. Comparando com o ano passado, registou-se uma subida de 3,9% no número de transacções efectuadas. Fonte oficial da empresa salienta que, em Julho de 2014, se assinalou um “novo recorde de operações”, com um total de 198 milhões, valor que ultrapassou a marca de 195 milhões alcançados em Dezembro de 2011.
No ano passado, foram detectadas 181 mil operações fraudulentas.