Soldados nas ruas de Joanesburgo e Durban para conter violência
Os confrontos diminuíram de intensidade, mas o Governo quer garantir que o rastilho da violência não se reacende.
A decisão foi anunciada pela ministra da Defesa, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, que esclareceu que os soldados vão apenas apoiar a polícia e não substituí-la. “Mesmo o envio e o planeamento serão feitos sob as instruções da polícia”, acrescentou a ministra, citada pelo Mail and Guardian.
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A decisão foi anunciada pela ministra da Defesa, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, que esclareceu que os soldados vão apenas apoiar a polícia e não substituí-la. “Mesmo o envio e o planeamento serão feitos sob as instruções da polícia”, acrescentou a ministra, citada pelo Mail and Guardian.
É nas zonas mais afectadas pelos confrontos dos últimos dias que os soldados vão reforçar a segurança: na township (subúrbios sul-africanos de maioria negra) de Alexandra, a norte de Joanesburgo, e em algumas áreas da província de KwaZulu-Natal, onde se situa Durban.
A violência explodiu nas últimas semanas com vários confrontos na região de Durban, que depois se estenderam a Alexandra – um local onde são frequentes episódios de violência com cariz xenófobo. Houve pelo menos sete mortos, entre os quais um cidadão moçambicano, e 300 pessoas foram detidas.
Nos últimos dias, a intensidade dos confrontos diminuiu e as autoridades sul-africanas querem assegurar-se que não são reactivados. “Estamos a reclamar a autoridade de Estado da República da África do Sul”, disse a ministra, à saída do posto da polícia de Alexandra.
Uma medida semelhante foi adoptada em 2008, quando episódios de violência xenófoba provocaram mais de 60 mortos em Joanesburgo e noutras cidades. Na altura o Exército também foi enviado para conter os confrontos que duraram várias semanas.
O envio de forças militares foi visto como positivo pelo analista Helmoed Romer Heitman, entrevistado pelo Mail and Guardian, que considera que pode funcionar durante algum tempo “até as coisas acalmarem”. A partir daí, disse, “as questões devem ser resolvidas a um nível político”.
Num país com uma elevada taxa de desemprego – 24%, dos quais mais de metade entre a população jovem –, a ira é canalizada contra as comunidades imigrantes, sobretudo de outros países africanos, e materializada em violência.
Num apelo que deixou aos compatriotas, Mapisa-Nqakula deu a entender que o Governo considera haver uma orquestração por detrás dos conflitos que espera ganhar algo com a instabilidade no país. “Sul-africanos, não sejamos crédulos e vulneráveis perante as pessoas que têm os seus próprios interesses em destruir o Estado e o Governo da República da África do Sul, pessoas que querem provocar instabilidade permanente, que não querem a paz.”