Nem tudo o que parece é, certo Facebook?
A premissa parece interessante, a verdade é que pode ser outra. A Internet.org não traz verdadeiramente Internet a todos
O Mark Zuckerberg continua a sua magnânime missão de expandir a Internet.org e dar aos países mais desfavorecidos e àqueles dois terços do mundo que não têm Internet, uma hipótese de se ligarem e conectarem com o resto do planeta. Através de acordos com os governos e negociações com as maiores empresas de telecomunicações de cada pais, o Facebook tem levado o seu projeto a cada vez mais pessoas (ainda hoje o CEO do Facebook anunciou a chegada da Internet.org à Indonésia). Mark Zuckerberg alega que o seu projeto vai dar novas oportunidades a pessoas que antes não tinham as ferramentas necessárias para tornar projetos e ideias realidade.
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O Mark Zuckerberg continua a sua magnânime missão de expandir a Internet.org e dar aos países mais desfavorecidos e àqueles dois terços do mundo que não têm Internet, uma hipótese de se ligarem e conectarem com o resto do planeta. Através de acordos com os governos e negociações com as maiores empresas de telecomunicações de cada pais, o Facebook tem levado o seu projeto a cada vez mais pessoas (ainda hoje o CEO do Facebook anunciou a chegada da Internet.org à Indonésia). Mark Zuckerberg alega que o seu projeto vai dar novas oportunidades a pessoas que antes não tinham as ferramentas necessárias para tornar projetos e ideias realidade.
A premissa parece interessante, a verdade é que pode ser outra. A Internet.org não traz verdadeiramente Internet a todos. Dá apenas acesso a alguns websites e plataformas, que são negociadas e escolhidas pelas grandes empresas de telecomunicações dos países para onde a Internet.org se está a expandir.
Uma das “vantagens” deste projeto do Facebook, é ser gratuita. Aliás, só assim é que poderá algum dia aliciar pessoas que certamente tem problemas e carências bem maiores que a falta de Internet. Mas, já diz o tuga, “ninguém dá nada a ninguém” — e neste caso é mesmo verdade. Mark Zuckerberg alega que seria muito caro fornecer acesso total a web, e que é por isso que só permite o acesso a alguns websites e aplicações. Mas quais são os critérios de selecção desses websites? Ninguém sabe, porque não existe nenhum critério publicado. Eu apostaria que o dinheiro as empresas de telecomunicações pagam é um deles. Este é um dos grandes problemas da Internet.org e que vai totalmente contra o conceito de “Net Neutrality” (Neutralidade da Internet) que o Facebook diz defender.
O outro é que o Facebook está literalmente a usar a Internet.org para fazer as pessoas (já são mais de 800 milhões) acreditar que o Facebook é a própria Internet. Muitas pessoas de países emergentes já abrangidos pela Internet.org, quando questionados, dizem que usam muito mais o Facebook do que a Internet, algo que é técnica e logicamente impossível.
E a Internet.org é isto mesmo, um projeto para fazer milhões de pessoas que vivem em mercados emergentes, acreditarem que o Facebook e a Internet são um só. E com o monopólio que está a criar, ao controlar quais são os websites que têm e não têm acesso, vão matar aquilo que dizem defender escrupulosamente: a “Net Neutrality”. Mas nada disso interessa quando o que está em jogo, são os dois terços da população mundial que nos próximos anos irão começar a fazer compras online e a tirar fotos com Instagram.