Sampaio da Nóvoa critica "lógica de resignação e de lamúria"
Futuro candidato à Presidência lamentou "o enorme desperdício de jovens qualificados obrigados a partir para o estrangeiro".
Numa conferência sobre o Estado social e a democracia, promovida pelo movimento Mais Democracia, o antigo reitor da Universidade de Lisboa afirmou que "o pior de Portugal é a sua atitude de resignação ou de crítica sistematicamente pessimista, que não liberta para pensar de outras maneiras". Para Sampaio da Nóvoa, é preciso "pensar fora dos enquadramentos habituais e ir mais longe no pensamento".
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Numa conferência sobre o Estado social e a democracia, promovida pelo movimento Mais Democracia, o antigo reitor da Universidade de Lisboa afirmou que "o pior de Portugal é a sua atitude de resignação ou de crítica sistematicamente pessimista, que não liberta para pensar de outras maneiras". Para Sampaio da Nóvoa, é preciso "pensar fora dos enquadramentos habituais e ir mais longe no pensamento".
"Não há Estado social sem democracia, nem democracia sem Estado social", afirmou, para depois sublinhar a necessidade de esta ideia estar "mais clara em tempos de crise". "[Nesta altura] é quando essa convicção é mais necessária porque é quando nos protege da deriva", afirmou.
Criticando o raciocínio de que "não há dinheiro e se acabou a ideia de que pode haver tudo para todos" – porque esse raciocínio parte "do pressuposto de que em algum momento houve em Portugal um Estado social consolidado e a funcionar" –, Sampaio da Nóvoa disse: "O que nos falta são ideias e políticas."
O futuro candidato lamentou "o enorme desperdício de jovens qualificados obrigados a partir para o estrangeiro", depois de o Estado ter investido na sua formação.
"Na altura em que são mais produtivos, são emprestados aos países mais desenvolvidos, onde vão fazer um percurso de 10, 20 ou 30 anos, até que os seus custos se tornam mais caros e são devolvidos a Portugal", criticou o professor catedrático. "A questão não é de economia nem de dinheiro; é mais funda e obriga-nos a pensar o país, a pensar a Europa e a pensar o futuro."
Ainda a nível social, Sampaio da Nóvoa disse que se impõe acabar com "a postura caritativa" e "romper com uma lógica de resignação e de lamúria", para se afirmarem "novas formas de vida para o século XXI".
No âmbito do território e das diferenças entre o litoral e o interior, classificou como "completamente erradas" as políticas adotadas ao longo dos anos, por terem sido "baseadas em critérios de eficiência ao nível mais redutor do termo".
"Há muita coisa que se tem que fazer neste domínio, mas a partir de critérios que tenham por base a qualidade de vida das pessoas e não de critérios economicistas que, às vezes, acabam por não poupar grande coisa", concluiu.
A candidatura de Sampaio da Nóvoa ainda não foi formalizada, mas o antigo reitor da Universidade de Lisboa reafirmou, no sábado à noite, que irá apresentá-la "até ao final de Abril".
Nóvoa, que já tem o apoio de vários socialistas e pode vir a ter o apoio formal do PS, deverá fazer a apresentação oficial no dia 29. "Não tenho o apoio de ninguém porque não o pedi. Antes de haver uma carta de princípios e um programa de candidatura, não seria legítimo estar a colocar esse tipo de questões", acrescentou.