Presidente da TAP multiplica-se em sessões de esclarecimento para travar greve

Paralisação de dez dias começa a gerar mal-estar dentro da classe dos pilotos e já se fala da criação de um sindicato alternativo.

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Encontros de Fernando Pinto com os pilotos começam nesta segunda-feira Miguel Manso

As reuniões que Fernando Pinto convocou começam já nesta segunda-feira e repetem-se na quarta, na quinta e na sexta-feira. De acordo com uma circular que o gestor brasileiro enviou aos trabalhadores no final da semana passada, e a que o PÚBLICO teve acesso, estes encontros “têm por objectivo debater conjuntamente a actual situação da empresa”. A intenção será alertar os pilotos para a instabilidade financeira em que a TAP já se encontra e o rombo que uma greve de dez dias poderá significar não só nas suas contas, como também na sua reputação, em vésperas da privatização.

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As reuniões que Fernando Pinto convocou começam já nesta segunda-feira e repetem-se na quarta, na quinta e na sexta-feira. De acordo com uma circular que o gestor brasileiro enviou aos trabalhadores no final da semana passada, e a que o PÚBLICO teve acesso, estes encontros “têm por objectivo debater conjuntamente a actual situação da empresa”. A intenção será alertar os pilotos para a instabilidade financeira em que a TAP já se encontra e o rombo que uma greve de dez dias poderá significar não só nas suas contas, como também na sua reputação, em vésperas da privatização.

Mas a paralisação que o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) convocou na semana passada para exigir a devolução de diuturnidades e o cumprimento de um acordo de 1999 que lhes atribuiu uma fatia entre 10% e 20% no capital da transportadora aérea não está a gerar mal-estar apenas junto da administração, do Governo e dos passageiros. Há, dentro da própria classe, quem não se reveja nesta decisão.

Cisão à vista?
O PÚBLICO teve acesso a um email enviado pelo director de operações de voo aos pilotos, no qual estes são estimulados a participar nas reuniões com Fernando Pinto. “Independentemente das diferentes convicções e opiniões que todos possamos ter sobre os assuntos em apreço, devemos sempre ouvir as diferentes partes envolvidas para que as nossas decisões possam ser tomadas em consciência e com a convicção que a situação exige, e mais do que tudo, que a nossa TAP merece”, lê-se na missiva.

Num outro email, o mesmo responsável refere que “não só está a acompanhar de perto e como piloto o actual processo de instabilidade laboral que resultou no pré-aviso de greve desta semana, como simultaneamente está preocupado com o futuro da TAP”. E acrescenta: “Se a participação dos pilotos [nas sessões com o presidente da companhia] for significativa, estas reuniões vão possibilitar que, para além do debate com a empresa, os pilotos se possam juntar e debater fora do âmbito de uma assembleia do SPAC os assuntos que estão em cima da mesa”.

Além do director de operações de voo, há outros pilotos que não se revêem na decisão tomada pelo sindicato, por entenderem que uma greve de dez dias será dramática para a TAP. E, por isso, começam a surgir movimentos com o objectivo de criar uma estrutura sindical alternativa ao SPAC, que é desde o ano passado presidido por Manuel Santos Cardoso e que contratou um assessor financeiro, Paulo Lino Rodrigues, cujo papel não é consensual.

A concretizar-se, a paralisação agendada pelos pilotos terá início a 1 de Maio e estender-se-á até dia 10, abrangendo não só os voos da TAP, como os da sua companhia regional, a Portugália. A transportadora aérea liderada por Fernando Pinto estima que a greve irá causar prejuízos de cerca de 70 milhões de euros, afectando as viagens de 350 mil passageiros. E surge já depois de um ano recorde de protestos, que contribuíram para que a empresa apresentasse prejuízos de 46,4 milhões em 2014 (que atingiram 85,1 milhões em todo o grupo). O sector do turismo tem criticado ferozmente a decisão dos pilotos.