O pobre António
O pobre António, um mancebo tão prometedor, não merecia estas maldades.
Cá tivemos, portanto, a inenarrável Isabel Moreira, o apparatchik José Lello e o advogado Ricardo Sá Fernandes, há muito tempo apaixonado por si mesmo. Na impossibilidade de fechar as 200 mais notórias personalidades do partido num manicómio especializado, António Costa tem dia sim, dia não que refazer o que elas desfazem, enquanto tenta desesperadamente convencer a Pátria que o PS é um partido suficientemente responsável e discreto para nos governar.
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Cá tivemos, portanto, a inenarrável Isabel Moreira, o apparatchik José Lello e o advogado Ricardo Sá Fernandes, há muito tempo apaixonado por si mesmo. Na impossibilidade de fechar as 200 mais notórias personalidades do partido num manicómio especializado, António Costa tem dia sim, dia não que refazer o que elas desfazem, enquanto tenta desesperadamente convencer a Pátria que o PS é um partido suficientemente responsável e discreto para nos governar.
Mas basta a qualquer momento abrir a porta à questão das “presidenciais” para desencadear uma nova balbúrdia. Pior ainda, essa particular balbúrdia já se desenvolve e espalha por si própria, sem necessidade de um estímulo externo. A trapalhada chegou a um ponto tal que os jornais chegam a pedir cristã e moderadamente um pouco de seriedade. António Guterres, cujo patético estado de indecisão era notícia permanente quando ele mandava em Portugal, hesitou um ano antes de declarar numa televisão inglesa ou americana que não tencionava aceitar uma candidatura a Belém. Enquanto Assis o chamava chorosamente em Lisboa e Augusto Santos Silva sonhava em o ir raptar a Genebra (?), o que sem dúvida seria uma aventura doce de contemplar, muito apropriada à melancólica alma do indígena.
Para cúmulo, os “grandes” do partido seguiram o exemplo de Guterres: Jaime Gama e António Vitorino saíram dignamente de jogo. Em contrapartida, apareceram, vindos das mais profundas trevas, duas criaturas sem passado e com escasso futuro: o sr. Henrique Neto (uma pessoa simpática) e o sr. António Nóvoa, antigo autor de uma tese intragável, com o título de “Le Temps des Professeurs”. O académico recebeu logo o apoio público de Mário Soares, de Manuel Alegre e de Carlos César; e, segundo uma insistente boataria, o apoio privado de Sampaio e de Eanes. Não se sabe o que estes beneméritos viram em Nóvoa, principalmente considerando que Nóvoa não tem nada para ver. Perante tudo isto, cresce um grande movimento de caridade, inspirado pelo destino injusto de António Costa. O pobre António, um mancebo tão prometedor, não merecia estas maldades.